Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 31 de maio de 2015

Professora é presa por ser contra a terceirização; truculência policial

Domingo, 31 de maio de 2015
Professora AILMA: PRESA!
Hoje, 30 de maio, cinco horas da manhã, encerrando o mês que celebramos a LUTA DA CLASSE TRABALHADORA, me pego refletindo sobre a prisão que sofri ontem, dia 29\05\2015 às 05 horas da manhã, na porta da empresa Rápido Araguaia.

Por Ailma Oliveira


Quase todos os dias desse mês, estive participando de lutas em defesa da Classe Trabalhadora (Essa tem sido a minha rotina durante os últimos 30 anos).

Durante toda a semana fiz panfletagem nos terminais de ônibus e em espaços públicos denunciando a TERCEIRIZAÇÃO, projeto nefasto que retira direitos da classe trabalhadora. Mas, o dia de ontem, me faz ficar sem dormir.

Fui presa, em um ato pacífico! Fui presa por defender trabalhador!

Ser preso não é nenhuma excepcionalidade para vida dos sindicalistas combativos em Goiás. Aqui, a polícia, não só prende, mas, bate e muitas vezes, cria crimes absurdos para um trabalhador que queira questionar o sistema.
Fonte: Blog do Arretadinho



Ficar sem dormir essa noite, não é só por conta do que eu vi e vivi ontem: uma tamanha violência por parte de um coronel contra trabalhadores (as), que, pacificamente, davam -se as mãos na porta da empresa. Ele, que não quis se identificar, me deu voz de prisão e a outro trabalhador, pelo “simples fato” de eu estar ali, naquele local e, ao ser abordada por ele, após me identificar, tive a coragem de perguntar o nome dele, que me respondeu com brutalidade:

-Não lhe devo satisfação! E a senhora está presa!! Os dois! Pra dentro da Viatura!
Fiz sinal ao outro trabalhador, que eu nunca tinha visto antes, para que não reagisse, pois, era tudo que ele queria. Entramos na viatura, ele no banco da frente e, eu no banco de trás... Os policiais que estavam no local (inclusive há algum tempo, dando apoio aquele manifesto pacífico), ficaram sem ação, e, por alguns minutos observavam os outros trabalhadores que não entendiam o que estava acontecendo.
O tal coronel, não satisfeito com nossa passividade, deu a volta na viatura e pela janela do banco da frente, puxou o rapaz, pelo colarinho e deu-lhe um soco, chamando-o de SAFADO!
Tremi de indignação! Esbocei um protesto contra aquela violência e, fomos retirados do carro e colocados no camburão.
Tomaram nossos celulares, nos deixaram trancafiados por algum tempo, depois, seguiram para delegacia.
O delegado, que ouviu primeiro a empresa, depois os policiais, por últimos nós, "os criminosos". Não tinha como tipificar o crime que o coronel queria.
Ha essa hora, várias pessoas já haviam denunciado nossa prisão arbitrária, e o telefone da cadeia não parava de tocar.
Um dos policiais em um momento de diálogo secreto comigo, me disse: Professora, estou com vergonha, conheço a senhora, o seu trabalho na defesa da classe trabalhadora, vou devolver seu celular, mas, por favor, não deixa o coronel ver...
Consegui mandar uma mensagem rápida para os companheiros (as), e desliguei o aparelho que insistia em tocar a música da UJS.
Quando fui chamada para o interrogatório, ouvi o atendente chamar o delegado ao telefone pois, o G1 queria saber das prisões. Logo em seguida, várias ordens e contra ordens. Ouvi o delegado afirmar, que, não tinha mais como parar o processo, já está 90% no sistema!
Em meu depoimento disse pouco, e insisti que deveria lavrar ocorrência contra o tal coronel, mas, o escrivão disse, que já estava encerrado, e se quisesse deveria fazer em outro hora. Ou, seja, contra nós era possível, registrar o TCO, contra a polícia não!
Chegou nesse momento final, um advogado militante, que nos retirou da delegacia e nos conduziu ao protesto pacífico que acontecia na porta da Metrobus, e, segundo, os trabalhadores (as) não iriam sair de lá sem a nossa soltura. Lá, denunciei a arbitrariedade do tal coronel, o abuso de autoridade, a violência e, a tentativa de nos qualificar em crimes que não cometemos.
Quase toda a imprensa me ouviu, mas, pouca coisa saiu sobre a realidade dos fatos. Na matéria do G1 saiu: MANIFESTANTES PROTESTAM CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO! Dois são Presos!
http://g1.globo.com/…/manifestantes-protestam-em-goias-cont…

Sequer ME OUVIRAM! As outras emissoras, deturparam a versão dos fatos. O principal jornal da cidade, não publicou uma linha sobre o ato que reuniu mais de mil pessoas.

Ficar sem dormir é por conta do que está por vir.

Eu, que busco o trabalho digno, que sofro a violência cotidiana do transporte coletivo, das péssimas condições do trânsito goiano e de todas as formas de violência desse sistema. Defendo intransigentemente os direitos da classe trabalhadora, sou acusada de cometer crime e posso ser condenada. Condenada por estar contra a TERCEIRIZAÇÃO!
Fonte: Do Blog do Arretadinho