Professora AILMA: PRESA!
Hoje, 30 de maio, cinco horas da manhã,
encerrando o mês que celebramos a LUTA DA CLASSE TRABALHADORA, me pego
refletindo sobre a prisão que sofri ontem, dia 29\05\2015 às 05 horas da manhã,
na porta da empresa Rápido Araguaia.
Por Ailma Oliveira
Quase todos os dias
desse mês, estive participando de lutas em defesa da Classe Trabalhadora (Essa
tem sido a minha rotina durante os últimos 30 anos).
Durante toda a semana
fiz panfletagem nos terminais de ônibus e em espaços públicos denunciando a
TERCEIRIZAÇÃO, projeto nefasto que retira direitos da classe trabalhadora. Mas,
o dia de ontem, me faz ficar sem dormir.
Fui presa, em um ato
pacífico! Fui presa por defender trabalhador!
Ser preso não é
nenhuma excepcionalidade para vida dos sindicalistas combativos em Goiás. Aqui,
a polícia, não só prende, mas, bate e muitas vezes, cria crimes absurdos para
um trabalhador que queira questionar o sistema.
Fonte: Blog do Arretadinho
Ficar sem dormir essa
noite, não é só por conta do que eu vi e vivi ontem: uma tamanha violência por
parte de um coronel contra trabalhadores (as), que, pacificamente, davam -se as
mãos na porta da empresa. Ele, que não quis se identificar, me deu voz de
prisão e a outro trabalhador, pelo “simples fato” de eu estar ali, naquele
local e, ao ser abordada por ele, após me identificar, tive a coragem de
perguntar o nome dele, que me respondeu com brutalidade:
-Não lhe devo
satisfação! E a senhora está presa!! Os dois! Pra dentro da Viatura!
Fiz sinal ao outro
trabalhador, que eu nunca tinha visto antes, para que não reagisse, pois, era
tudo que ele queria. Entramos na viatura, ele no banco da frente e, eu no banco
de trás... Os policiais que estavam no local (inclusive há algum tempo, dando
apoio aquele manifesto pacífico), ficaram sem ação, e, por alguns minutos
observavam os outros trabalhadores que não entendiam o que estava acontecendo.
O tal coronel, não
satisfeito com nossa passividade, deu a volta na viatura e pela janela do banco
da frente, puxou o rapaz, pelo colarinho e deu-lhe um soco, chamando-o de
SAFADO!
Tremi de indignação!
Esbocei um protesto contra aquela violência e, fomos retirados do carro e
colocados no camburão.
Tomaram nossos
celulares, nos deixaram trancafiados por algum tempo, depois, seguiram para
delegacia.
O delegado, que ouviu
primeiro a empresa, depois os policiais, por últimos nós, "os
criminosos". Não tinha como tipificar o crime que o coronel queria.
Ha essa hora, várias
pessoas já haviam denunciado nossa prisão arbitrária, e o telefone da cadeia
não parava de tocar.
Um dos policiais em
um momento de diálogo secreto comigo, me disse: Professora, estou com vergonha,
conheço a senhora, o seu trabalho na defesa da classe trabalhadora, vou
devolver seu celular, mas, por favor, não deixa o coronel ver...
Consegui mandar uma
mensagem rápida para os companheiros (as), e desliguei o aparelho que insistia
em tocar a música da UJS.
Quando fui chamada
para o interrogatório, ouvi o atendente chamar o delegado ao telefone pois, o
G1 queria saber das prisões. Logo em seguida, várias ordens e contra ordens.
Ouvi o delegado afirmar, que, não tinha mais como parar o processo, já está 90%
no sistema!
Em meu depoimento
disse pouco, e insisti que deveria lavrar ocorrência contra o tal coronel, mas,
o escrivão disse, que já estava encerrado, e se quisesse deveria fazer em outro
hora. Ou, seja, contra nós era possível, registrar o TCO, contra a polícia não!
Chegou nesse momento
final, um advogado militante, que nos retirou da delegacia e nos conduziu ao
protesto pacífico que acontecia na porta da Metrobus, e, segundo, os trabalhadores
(as) não iriam sair de lá sem a nossa soltura. Lá, denunciei a arbitrariedade
do tal coronel, o abuso de autoridade, a violência e, a tentativa de nos
qualificar em crimes que não cometemos.
Quase toda a imprensa
me ouviu, mas, pouca coisa saiu sobre a realidade dos fatos. Na matéria do G1
saiu: MANIFESTANTES PROTESTAM CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO! Dois são Presos!
http://g1.globo.com/…/manifestantes-protestam-em-goias-cont…
http://g1.globo.com/…/manifestantes-protestam-em-goias-cont…
Sequer ME OUVIRAM! As
outras emissoras, deturparam a versão dos fatos. O principal jornal da cidade,
não publicou uma linha sobre o ato que reuniu mais de mil pessoas.
Ficar sem dormir é
por conta do que está por vir.
Eu, que busco o
trabalho digno, que sofro a violência cotidiana do transporte coletivo, das
péssimas condições do trânsito goiano e de todas as formas de violência desse
sistema. Defendo intransigentemente os direitos da classe trabalhadora, sou
acusada de cometer crime e posso ser condenada. Condenada por estar contra a
TERCEIRIZAÇÃO!
Fonte: Do Blog do Arretadinho