Deu
no site da Federação Nacional dos
Policiais Federais
O Brasil pergunta:
Por que as investigações sobre a CBF não deram em nada?
E a Fenapef
responde...
Após a prisão de José Maria Marin, ex-Presidente da Confederação
Brasileira de Futebol, pelo FBI norte-americano e policia da Suiça, o Brasil
voltou a questionar a falta de capacidade, eficiência ou mesmo a isenção da sua estrutura de
investigação criminal nos casos envolvendo corrupção nas entidades que cuidam
do futebol nacional.
É fato que nem Polícia Federal nem a CPI apelidada de “CPI da Nike”
resultaram em prisão ou condenação de pessoas ligadas ao futebol brasileiro, em
que pesem as graves denúncias veiculadas por jogadores, imprensa e diversos
profissionais do ramo.
Mas por que a Policia Federal norte-americana chegou a essas prisões, e
nós no Brasil não?
Em vários sites de jornais de grande circulação, matérias veiculadas à
época das investigações pátrias retornaram às manchetes e, de certa forma,
ajudam – e muito – a desvendar a incrível inoperância do modelo de investigação
brasileiro e o envolvimento direto entre a CBF e aqueles que, em tese, seriam
os responsáveis pelas investigações.
“Em 15 anos, a Polícia Federal, no Rio, abriu 13 inquéritos contra a
CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o seu ex-presidente Ricardo Teixeira. Nenhum deles obteve resultado até
hoje.”
Neste período, segue a reportagem, “a CPF patrocinou congressos,
viagens, e até cedeu a Granja Comary , centro de treinamento da seleção
brasileira, para um torneio de futebol de delegados .”
São fatos graves os que foram denunciados, inclusive ligando Ricardo
Teixeira à associação dos delegados de Polícia Federal, quando a CBF teria
doado R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) para um congresso realizado em
Fortaleza, no ano de 2009.
Não obstante os graves fatos denunciados,
que ensejam os reais motivos da investigação contra a CBF no Brasil não ter decolado, há ainda muito a
ser esclarecido à sociedade.
O modelo de investigação criminal no
Brasil é de um retrocesso incalculável. A abertura de 13 (treze) inquéritos
policiais por delegados de Polícia Federal não cria uma relação diretamente
proporcional com o deslinde de crimes cometidos e nem com a condenação dos
eventuais investigados.
As investigações deveriam seguir um ritmo
célere e coordenado, com intuito exclusivo de se chegar à verdade dos fatos. E
por que isso não acontece no Brasil?
Enquanto o poder de formatação e
encaminhamento formal das investigações ficar na mão de servidores burocratas,
que priorizam oitivas e o questionável indiciamento, ao invés de análise
documental e de evidências mais profunda, utilizando do conhecimento
multidisciplinar dos seus policiais, com imediato encaminhamento ao Ministério
Público para a elaboração da denúncia, as investigações no Brasil nunca terão
números de eficiência satisfatórios.
Abaixo, um esquema comparativo dos ciclos
de investigação no Brasil e nos EUA:
Burocracia, prazos, vai-e-vem constante de
inquéritos policiais entre a Justiça e a Polícia, passando novamente pelo
Ministério Público, tudo isso revela a saga indigesta da fina-flor da
inoperância e do gasto público desnecessário,
algo que em países como os Estados Unidos não prosperaria jamais. No
caso da CBF, investigar e prender criminosos de alto padrão demonstrou ser algo
mais simples, mais rápido, mais eficiente e, principalmente, sem qualquer
possibilidade de criação de vínculos entre os que deveriam investigar e os
investigados.
Imoral e inconcebível o Brasil ainda utilizar um
modelo de investigação que possibilite a vinculação entre o potencial
investigador e o investigado, a ponto de este vir a ser palestrante em um
congresso privado daquele, e de haver uma troca de homenagens e gentilezas como
selo do entrelace formado.
A Fenapef fez denúncias
do caso à época e publicou as seguintes matérias:
PARA NÃO ESQUECER: Troféu da vergonha para os
policiais federais
Investigados patrocinam encontro da Polícia Federal
A sociedade brasileira não pode assistir
pacificamente à degradação do respeito ao trabalho da Polícia Federal e
especialmente os policiais federais terão que trilhar novos caminhos em busca
de um modelo que não propicie novamente os mesmos erros durante as
investigações, seja por omissão, seja por pura ineficiência, sob pena de ter
seu nome manchado por elos políticos reprováveis.
A Federação Nacional dos Policiais Federais irá
apoiar a CPI que está sendo criada e não medirá esforços para que fiquem
esclarecidos os motivos do insucesso das investigações que foram feitas através
de inquéritos policiais no Brasil, pela Polícia Federal.
A Diretoria também abrirá agenda junto à
Corregedoria da Polícia Federal e ao Ministério da Justiça para que o caso
tenha a devida apuração. Um pedido de abertura de CPI específica para apurar a
atuação política da associação dos delegados no Congresso Nacional já havia
sido aprovado pelo Conselho Nacional de Representantes e deverá ter
desdobramentos nos próximos dias.
A
sociedade brasileira precisa de explicações e um dos órgãos de maior
credibilidade do País – a Polícia Federal – deve dar sua pronta e suficiente
resposta.