Segunda, 7 de novembro de 2011
A deputada Celina Leão (PSD), da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, afirmou ter gravado o depoimento de uma testemunha,
Daniel Almeida Tavares, que teria pago propina a Agnelo Queiroz (PT), na
época que o atual governador do Distrito Federal era diretor da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Agnelo é também acusado de desviar
recursos do programa Segundo Tempo, quando foi ministro do Esporte,
entre 2003 e 2006. A situação de Agnelo ficou ainda mais complicada
depois que conversas gravadas com autorização judicial em 2010 mostraram
ele prometendo ajuda ao policial militar João Dias, dono de ONGs
suspeitas de desviar recursos do programa.
Daniel seria apresentado na manhã desta segunda-feira pela deputada,
mas ele não compareceu. A testemunha teria ligado às 9h e combinado com
Celina que concederia uma entrevista coletiva. Depois, afirmou que
passou mal.
À deputada, Daniel teria contado que fez vários pagamentos para Agnelo
na condição de representante da União Química, uma empresa da indústria
farmacêutica. Na Anvisa, Agnelo era responsável por esse setor, para
liberar licença de funcionamento de laboratórios. Celina apresentou o
que seria um depósito de R$ 5 mil de Daniel para Agnelo, ocorrido em
janeiro de 2008.
Agnelo teria recebido ainda R$ 45 mil de Daniel no subsolo da
residência do petista, no local onde está a biblioteca. A parlamentar
afirmou que o dinheiro seria para que Agnelo liberasse documentos para
permitir o funcionamento da União Química e também a possibilitasse
participar de uma licitação. Celina afirmou também ter ouvido de Daniel
que não tinha certeza do montante supostamente repassado a Agnelo ao
longo desses anos.
- O Daniel não tinha certeza. Era em entre R$ 200 mil a R$ 300 mil - disse Celina.Advogados de Agnelo teriam recebido outros R$ 500 mil da empresa.
Daniel deixou a União Química e até recentemente trabalhava na
Administração de Brasília. Mas deixou esse emprego. Segundo Celina,
Daniel afirmou que vinha sofrendo ameaças. A parlamentar se prontificou a
obter junto à polícia segurança para o delator.
PSOL pede que denúncias sejam investigadas
Dirigentes do PSOL se reuniram na manhã desta segunda-feira com o
presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o deputado
distrital Cabo Patrício (PT), para pedir que sejam investigadas as
denúncias de corrupção contra o governador do DF, Agnelo Queiroz.
Segundo Toninho do PSOL, presidente local do partido, Cabo Patrício se
comprometeu a incluir o pedido na pauta da reunião de terça-feira da
mesa diretora da Casa. Ele, no entanto, reconhece que a maioria folgada
de que Agnelo dispõe na CLDF dificultará a apuração.
Toninho defende que Agnelo deve ser investigado, independentemente de
as possíveis irregularidades cometidas por ele terem ocorrido antes de
tomar posse como governador, este ano.
Agnelo não tem condições de continuar como governador do Distrito Federal
- Obviamente, o conteúdo da audiência foi pedir à Câmara Legislativa
que tomasse as iniciativas para apurar todas as denúncias,
independentemente da questão temporal. Agnelo deve responder pelo que
fez no Ministério do Esporte. Que a Câmara leve a termo, se possível, a
CPI, com amplos poderes para investigação. Mas a gente sabe como está a
correlação de forças naquela Casa - afirmou Toninho do PSOL,
completando:
- Agnelo não tem condições de continuar como governador do Distrito Federal.
Toninho lembrou que até agora apenas quatro deputados distritais
assinaram o pedido de impeachment de Agnelo, menos que as oito
assinaturas necessárias. Outra dificuldade para o PSOL é a falta de
representação na CLDF, onde não há nenhum deputado do partido. Toninho
afirmou ainda que o partido fará uma campanha de rua para conseguir
apoio à causa.
Além de Toninho, se reuniram com Cabo Patrício outros quatro dirigentes
do PSOL-DF: Enrique Morales, Jorge Antunes, Alexandre Varela e Chico
Sant'Anna.
Fonte: O Globo.com / Blog do Sombra