Terça, 22 de maio de 2012
Da Agência Senado
Teresa Cardoso
Principal testemunha arrolada na defesa do senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO), no processo a que este responde no Conselho de Ética
do Senado, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não deverá
comparecer ao depoimento previsto para esta quarta-feira (23). A
informação é do advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida
Castro, mais conhecido como kakai, que a ouviu de Marcio Thomáz Bastos,
advogado de Cachoeira.
- Jantamos ontem para tratar do processo do Mensalão. O Márcio Thomáz
Bastos me disse que o Cachoeira não virá. Ele vai alegar que já
compareceu à CPI – disse Kakai, referindo-se ao interrogatório a que
Cachoeira será submetido às 14h desta terça-feira (22) na CPI mista que
investiga esquema de jogos ilegais, corrupção e tráfico de influência.
Cachoeira comandava esse esquema, segundo relatórios da Polícia
Federal que integram inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), mesma corte onde será julgado o Mensalão. Os mesmo relatórios
apontam envolvimento do senador por Goiás com as atividades de
Cachoeira, cuja defesa foi adiada do dia 28 para o dia 29 próximos, a
pedido do relator do caso, senador Humberto Costa (PT-PE)
- Demóstenes vem. Ao Conselho de Ética, acho que ele tem que vir.
Aqui, acho que ele tem que prestar satisfação a seus pares – afirmou
Kakai.
Sobre o comparecimento de Demóstenes Torres à CPI, para a qual ele
foi convocado a apresentar-se no dia 31 de maio, a orientação do
advogado é para que ele se apresente, mas se mantenha em silêncio.
- Minha orientação jurídica é a de que Demóstenes vá à CPI, mas não fale.
De acordo com Humberto Costa, o próprio acusado pediu que seu
depoimento, inicialmente marcado para o dia 28, fosse adiado para as
9h30 do próximo dia 29. O conselho aprovou a mudança por unanimidade em
reunião na manhã desta terça, à qual o relator compareceu com uma tipoia
no braço esquerdo em razão de uma fratura.
Durante a reunião, o presidente do Conselho, Antônio Carlos Valadares
(PSB-SE), comunicou aos senadores o recebimento de ofício do advogado
Ruy Cruvinel no qual ele informa que não compareceria à audiência por
“motivos pessoais”. O advogado foi incluído como testemunha de defesa de
Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Valadares explicou que o Conselho não tem a prerrogativa de convocar testemunhas, apenas convidá-las a depor.
- Todos sabem que o conselho pode fazer convites a testemunhas, mas
não tem o poder coercitivo de obrigar a uma testemunha a comparecer para
prestar depoimento. Nós não temos nem o poder de convocar, mas sim de
convidar. A testemunha diz que não comparece porque quer manter sua
privacidade – assinalou Valadares.