Sábado, 9 de junho de 2012
Da Agência Brasil
Wellton Máximo, repórter
Criada em janeiro como uma opção barata para a compra de
material de construção a linha de crédito com recursos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) enfrenta dificuldades para sair do
papel. Por causa das condições impostas pelo Conselho Curador do FGTS,
que define como será aplicado o dinheiro do fundo, os R$ 300 milhões
disponíveis para a linha nem começaram a ser emprestados.
Responsável por operar os recursos do FGTS, a Caixa informou que,
apesar de as normas e as condições dos empréstimos terem sido
regulamentadas, o banco ainda não oferece empréstimos para a compra de
material de construção. Por enquanto, nem há previsão para a linha de
crédito entrar em vigor.
Nesta semana, o vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa
Econômica Federal, Jorge Urbano Duarte, reconheceu o problema. Segundo
ele, o banco está trabalhando para a liberação do crédito, mas a solução
não depende da instituição financeira. “Fizemos o pedido ao Conselho
Curador [do FGTS] para simplificar a concessão do crédito, mas ainda
será preciso esperar a próxima reunião [do conselho] para saber se
haverá avanços”, declarou.
Duarte, no entanto, destacou que o Cartão Construcard, linha própria da
Caixa para a reforma e ampliação de imóveis residenciais, tem um
desempenho satisfatório em 2012. “O Construcard está indo muito bem
neste ano”, declarou o vice-presidente do banco, que não informou
valores. No ano passado, o Construcard emprestou R$ 4,8 bilhões, o que
fez o saldo da carteira da linha de crédito crescer 24% em 2011.
A linha com recursos do FGTS, no entanto, oferece juros mais baixos e
prazos maiores que o Construcard. A linha própria da Caixa oferece juros
de 1,96% a 2,35% ao mês e prazo de pagamento de cinco anos (60 meses).
Pode ser liberado qualquer valor, dependendo da faixa de renda do
tomador.
Limitados a R$ 20 mil, os empréstimos da linha com recursos do FGTS
poderão ser pagos em até dez anos (120 meses), com juros de 12% ao ano
(ou 0,9% ao mês). Para ter acesso à nova linha, basta estar inscrito no
FGTS. O trabalhador, no entanto, não poderá usar o saldo da conta do
FGTS para pagar o financiamento. Apenas o orçamento da linha de crédito,
que totaliza R$ 300 milhões, mas pode chegar a R$ 1 bilhão, vem do
Fundo de Garantia.
Ao aprovar essas regras, em janeiro, o Conselho Curador do FGTS, no
entanto, impôs uma série de condições para a liberação do dinheiro. A
reforma deve ter projeto assinado por um arquiteto, e o imóvel precisa
estar regularizado, com todas as licenças em dia. Em declaração recente,
o ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou elevadas as
exigências.
“A linha tem muitas condicionalidades que dificultam a liberação do
empréstimo. Já mandei estudar uma linha muito mais simples para que mais
crédito possa ser concedido. A linha é boa, porém ainda não temos como
liberar”, disse o ministro.
