Quarta, 29
de outubro de 2014
Por Adriano Benayon, publicado
originalmente em 25/10/2014, no Blog do Adriano Benayon
O editorial
de O Globo de ontem é uma deslavada profissão de fé do entreguismo,
ao condenar qualquer reserva de mercado para empresa nacional.
Implica manter e ampliar a reserva de mercado totalitária
que os carteis transnacionais exercem sobre a economia brasileira, ainda por
cima favorecida por incontáveis e enormes subsídios da política econômica
federal, estadual e municipal, incorporados às respectivas legislações.
Os defensores dos interesses imperialistas, que pretendem
continuar aprofundando o atraso tecnológico do Brasil, ainda não estão
satisfeitos com isso. Desejam radicalizar o entreguismo, não só aprofundando-o,
mas estendendo-o a todas as áreas, inclusive as mais vitais e prioritárias para
a segurança nacional, como as comunicações e a defesa.
Daí que VEJA e Globo e resto do GAFE, agindo em conjunto,
fazem de tudo para promover a vitória de Aécio Neves nas eleições, contando,
ademais, com a fraude das urnas eletrônicas, para que isso seja confirmado.
Somos obrigados, em face disso tudo, a votar em Dilma.
Esta, como Lula, ainda levou em consideração alguma coisa em prol do País,
embora de forma tímida e mantendo o essencial do desastre institucional e
administrativo implantado pelos famigerados governos de Collor e de FHC, o
tsunami tucano.
Deve-se também lembrar que a audácia e virulência dos
ataques sofridos por Dilma decorrem, em parte da tibieza do PT, cujos governos
têm sustentado a mídia entreguista e golpista com verbas publicitárias
governamentais, bem como continuado a cumular as transnacionais e os bancos de
privilégios intoleráveis, que vêm sendo consolidados e aumentados a cada
mandato presidencial, com saltos, em geral, maiores nos “governos”
assumidamente pró-imperiais, tucanos.
Com um generoso benefício da dúvida, poder-se-ia atribuir
essa fraqueza e as concessões ao poder dominante, econômico à impotência para
enfrentá-lo, já que ele comanda inclusive os demais poderes da República. Mas a
realidade é que o império explora as indecisões das vítimas e as acua,
colocando-se cada vez mais em posição de força.
Por isso, neste momento e no Brasil, mais do que em
qualquer época e em qualquer lugar do mundo, liderança requer não só
competência, mas coragem e audácia acima do comum.
O quadro é dos mais graves, e a grande tarefa dos
brasileiros conscientes é eliminar o brutal déficit de informação e de senso de
realidade de seus compatriotas, para viabilizar as verdadeiras mudanças
institucionais de que o Brasil necessita urgentemente.
É uma tarefa imensa, mas indispensável: fazer reverter os
efeitos profundos e disseminados do investimento em ignorância que a oligarquia
financeira mundial tem feito no mundo e no Brasil, em especial, nos últimos 80
anos ou mais.
Ela tem de ser encarada, com maior intensidade, desde a
noite em que sejam conhecidos os resultados do segundo turno.
*- Adriano Benayon é doutor em economia e autor do
livro Globalização vs Desenvolvimento