Quarta, 30
de outubro de 2014
Mais uma vez, passada a eleição, o governo faz questão de
sinalizar claramente sua política favorável ao “mercado”. Durante a campanha
eleitoral, a candidata Dilma fez questão de criticar as políticas
econômicas do PSDB e Marina Silva, mostrando que altas taxas de juros e a
“autonomia do Banco Central” só favorecem aos banqueiros, em prejuízo do povo.
Agora, passada a eleição, novamente o governo faz questão de dar aos banqueiros
ainda mais do que eles pedem. Surpreendendo o próprio “mercado”, ontem o Banco
Central aumentou a taxa de juros Selic, de 11% para 11,25% ao ano, aumentando
ainda mais os gastos com a dívida pública federal, que em 2014 já alcançaram a
marca dos R$ 910 bilhões até 25/10, o que representa 50% de todos os gastos até
esta data (conforme dados oficiais compilados no Dividômetro da Auditoria Cidadã da Dívida)
Em 2003, no início do governo Lula, o sinal para o
“mercado” foi a Reforma da Previdência, que incluiu até mesmo a infame
exigência de pagamento por aposentados e pensionistas. No início do governo
Dilma, o primeiro sinal foi a garantia da continuidade da autonomia do Banco
Central, além de um corte de R$ 50 bilhões no orçamento. Agora, antes mesmo de
iniciar seu segundo mandato, o governo Dilma dá também seu primeiro sinal ao
“mercado” e aumenta as taxas de juros, mesmo que a economia esteja estagnada, e
os países desenvolvidos estejam com taxas de juros iguais ou próximas a zero.
A primeira medida do segundo governo Dilma é totalmente
contraditória com seu discurso de campanha, quando criticou fortemente o
virtual ministro da Fazenda de Aécio Neves, Armínio Fraga, por ter
aumentado a taxa de juros em sua gestão.
A justificativa para o aumento das taxas de juros tem sido
o combate à inflação, embora o tipo de inflação verificado no Brasil seja
resultante principalmente do aumento dos preços administrados pelo próprio
governo (como a energia e combustíveis), além da alta de alimentos, que nada
tem a ver com a taxa de juros. Não é aumentando os juros que se combate esse
tipo de inflação, mas sim, reduzindo os preços administrados e alterando a
lógica da agricultura do país, na qual a maior parte das terras e
financiamentos é voltada para o setor primário exportador. Mas tais medidas não
são do agrado dos bancos que usufruem do Sistema da Dívida.
Participem da palestra que será realizada na UnB na
próxima quarta-feira, dia 5/11/2014, às 9:30h, no Auditório da Reitoria, em
parceria com a UnBTV. Será feita transmissão simultânea (www.unbtv.unb.br ) e pela TV, no canal 15 da
NET.