Quarta, 30
de outubro de 2014
Cristina
Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
A Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro (PRE/RJ)
quer a cassação dos diplomas do deputado federal reeleito Francisco Floriano
(PR) e do recém-eleito deputado estadual Milton Rangel (PSD). Para isso, propôs
três ações que atingem também três religiosos das igrejas Mundial do Poder de
Deus e Universal do Reino de Deus. Todos vão responder por abuso de poder
econômico em virtude de terem usado templos em atividades da campanha
eleitoral, o que não é permitido pela legislação. Segundo a PRE/RJ, os réus
serão julgados por buscarem votos em celebrações religiosas, e ficam sujeitos à
declaração de inelegibilidade por oito anos.
Um dos religiosos é Leonardo Carlos Machado, o pastor Léo,
da Igreja Mundial do Poder de Deus, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Fiscais da Justiça Eleitoral apreenderam panfletos, cartões e adesivos que
divulgavam as candidaturas de Floriano e Rangel.
Os bispos Daniel Santos e Junior Reis, da Igreja Universal,
também são réus. A acusação contra eles é de uso dos templos de Del Castilho,
na zona norte, e de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para promoção dos
candidatos a governador Marcelo Crivella (PRB), a deputados federais Roberto
Sales e Rosângela Gomes (PRB) e a deputados estaduais Tia Ju (PRB) e Benedito
Alves (PMDB). De acordo com a PRE/RJ, uma gravação feita por equipe de
reportagem do jornal O Globo foi incluída nos autos do processo como prova do
ato abusivo.
As ações movidas pelo procurador regional eleitoral, Paulo
Roberto Bérenger, foram protocoladas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RJ).
Para ele, os templos não podem ser transformados em comitês eleitorais. “Em uma
democracia, a liberdade religiosa é plena, o que é inadmissível é a
transformação de templos religiosos em comitês eleitorais”, analisou.
No período eleitoral foram ajuizadas cerca de 580 ações por
propaganda irregular e 20 ações de investigação judicial eleitoral contra
candidatos, que podem, conforme o órgão, levar à inelegibilidade e até mesmo à
cassação do diploma. O trabalho para coibir abusos e irregularidades nas
campanhas terminou nas ações, que se basearam em denúncias recebidas pela
PRE/RJ e no material apreendido pela fiscalização do TRE/RJ. O procurador
informou que mesmo passado o prazo de ajuizamento de representações, a
Procuradoria continua recebendo os relatórios.
“As irregularidades cometidas foram muitas, tanto que mesmo
após o término do prazo para ajuizamento de representações por propaganda
irregular, que é o dia da eleição, a PRE/RJ continua recebendo os relatórios”,
disse ele.