Quarta, 22 de outubro de 2014
Sandra Starling
MEU VOTO CRÍTICO EM AÉCIO É UM VETO AO VOTO A DILMA
Sempre gostei de aprender.
E ontem aprendi com o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, que resolveu,
ao contrário de mim, dar um voto crítico em Dilma e um veto ao Aécio.
Lembrei-me do tempo em que juntos lutamos (nós e o PSDB) contra o Collor
e fizemos o abraço na Av. do Contorno e na campanha de vestir-se preto
contra o Presidente que sofreu o impeachment.
Vou fazer o contrário do Freixo. Quero ter a coragem de enfrentar
esses 12 anos em que o PT se julgou a consciência política do Brasil e
no qual fez e aconteceu como os demais, em tudo, – para , afinal, me
deter na censura ao IPEA porque o IPEA, órgão do próprio governo, não
demonstrou o que todos os que pelejam para entender este país já
percebiam: a desigualdade social não diminuiu a ponto de ser
significante do ponto de visto estatístico – logo, na lógica da Dilma
Rousseff, que se parece à de Delfim Netto na ditadura, deve-se esconder
os dados que não são a favor do partido que nos agrada.
Não compactuo com esse tipo de método.
Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando
fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não
tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser
“idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me
abster.
Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de que venha a
aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os
homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das
mentiras que a Dilma vem assumindo.
Qualquer que seja o resultado, para mim, terei cumprido meu dever de
brasileira: arrisquei a perder ou a ganhar – para os outros que sofrem,
não para mim, porque nada tenho a perder.
Bom voto a todos no domingo.
Sandra Starling, fundadora do PT, foi deputada federal e líder da bancada petista na Câmara.
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Fonte: Diário do Poder