Quarta, 6 de maio de 2015
Do Esquerda Diário
Jazmín Jimenez
“Sem dúvida que a incomparável grandeza de Marx encontra-se,
entre outras coisas, nele todo inseparável que nele formam, completando-se e
ajudando-se mutuamente, o pensador e o homem de ação. Mas igualmente certo é
que o lutador prevaleceu nele, em todo instante, sobre o homem de pensamento”.
(Franz Mehring, Marx. História da sua vida)
Escrever uma homenagem sobre o 197° aniversário de
nascimento de Karl Marx, traduzir em algumas poucas palavras algo sobre umas
das personalidades mais interessantes de todos os tempos, resulta em uma tarefa
complexa e emocionante. Por onde começar, o desafio torna-se difícil a minutos
de realiza-lo. O que dizer, o que destacar sendo toda sua vida e obra tão rica
– como disse Engels -, “sobre esse homem a quem toda a classe operária da
Europa e América (hoje devemos afirmar mundial) deve mais do que qualquer
homem”.
Algo tentaremos, quem sabe algumas gotas dos rios de tintas
que tem sobre ele nos guiem nestas breves linhas para um diário digital.
Como o motivo da nota é seu nascimento não podemos deixar de
mencionar que Karl Marx chegou a este mundo em 5 de maio de 1818 em Traveris,
uma cidade do que era então a Prussia Renana, atualmente Alemanha. Estudou
jurisprudência, história e filosofia, ali se encontrou com as ideias de Hegel,
de quem herdou a dialética, para coloca-la sobre seus pés. Elaborou seu sistema
de concepções que constituem o materialismo e o socialismo científico, tomando
de forma genial as três correntes ideológicas do seu século: a filosofia
clássica alemã, a economia clássica inglesa e o socialismo francês.
Mas não podemos seguir com Marx, sem mencionar a Engels, seu
grande amigo e companheiro desde 1844, quem sabe a amizade mais comovedora que
conheçamos, uma colaboração plena no sentido mais amplo do termo. Juntos
tomaram parte ativa na vida dos grupos revolucionários e assentaram as bases do
socialismo científico. Em 1847 ingressam na Liga dos Comunistas e redatam o
famoso Manifesto, que aparece em fevereiro de 1848, quando as últimas
revoluções burguesas se propagavam como um rastilho de pólvora pelo velho
continente. Quando o proletariado se mostrava na Europa como a classe mais
numerosa e despossuída, a que podia varrer, inclusive, a “nova ordem
estabelecida” pela burguesia. Como disse Lenin “nesta obra se traça, com
claridade e brilhantismo geniais, uma nova concepção de mundo: o materialismo
consequente, aplicado também ao campo da vida social; a dialética como a
doutrina mais completa e profunda do desenvolvimento; a teoria da luta de
classes e a histórica missão revolucionária universal do proletariado como
criador de uma nova sociedade, a sociedade comunista”.
Quando a revolução é derrotada, Marx é expulso de vários
países e em 1849 se instala em Londres onde passará o resto de sua vida em
condições bastante duras. Ali se concentrará em estudar a economia política e
desenvolverá sua teoria materialista. Sua obra prima, O Capital, a que com
interrupções dedicará o resto de sua vida, revolucionará a ciência econômica e
política.
No final da década de 50 se recrudescem os movimentos
democráticos, isto o leva novamente a uma intensa atividade prática e em 28 de
setembro de 1864 é um dos fundadores da “Associação Internacional dos
Trabalhadores”, conhecida como a Primeira Internacional, que unificou o
movimento operário de distintos países. Sem dúvida Marx foi a alma desta
organização, escreveu grande parte de seus manifestos, resoluções e
declarações.
Em 1871, logo da queda da Comuna de Paris, a raiz da divisão
provocada pelos bakuninistas (anarquistas), a I Internacional deixou de
existir. Mas cumpriu sua missão histórica, dando lugar a uma época de
desenvolvimento incomparavelmente mais amplo do movimento operário, que
colocava em pé partidos operários socialistas de massas dentro de cada Estado
nacional.
A saúde de Marx foi-se deteriorando, após intenso trabalho
na Internacional e em suas atividades teóricas. Continuou seus estudos e
investigações para terminar O Capital, coletando para este fim múltiplos novos
documentos, mas a doença o impediu de concluir. E em março de 1883 Marx
adormeceu para sempre.
O comunismo não surge de uma ideia
Em 1883, após a morte de seu amigo, Engels se vê obrigado
pela primeira vez a escrever sozinho um novo prólogo do Manifesto Comunista e
nele deixa claro, com grande humildade, qual é o grande aporte pessoal de Marx
a ciência: “A ideia básica que atravessa o Manifesto – que, em cada época
histórica, a produção econômica, e a estrutura social que se deriva necessariamente
dela, constituem o fundamento da história política e intelectual desta época;
que, em consequência, (desde a dissolução da propriedade comum original da
terra), toda a história tem sido uma história das lutas de classes, das lutas
entre classes exploradas e exploradoras, dominadas e dominantes, em diversos
estágios da evolução social; mas que esta luta tem alcançado agora um estágio
em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) já não pode libertar-se
da classe que a explora e oprime (a burguesia) sem libertar, ao mesmo tempo,
para sempre toda a sociedade da exploração, da opressão e as lutas de classes:
esta ideia básica pertence única e exclusivamente a Marx”.
Lenin, por sua vez, assegura que “o marxismo nos proporciona o fio condutor que permite descobrir uma sujeição a leis neste aparente labirinto e caos, a saber: a teoria da luta de classes”. Já no prólogo d’O Capital, Marx adverte sobre o propósito de sua grande obra, “de fato, descobrir a lei econômica que preside o movimento da sociedade moderna”; quer dizer, conhecer profundamente as relações de produção da sociedade burguesa na sua aparição, desenvolvimento e decadência. Basendo-se nas leis econômicas do movimento da sociedade moderna, para Marx a transformação da sociedade capitalista em comunista é uma grande possibilidade.
Lenin, por sua vez, assegura que “o marxismo nos proporciona o fio condutor que permite descobrir uma sujeição a leis neste aparente labirinto e caos, a saber: a teoria da luta de classes”. Já no prólogo d’O Capital, Marx adverte sobre o propósito de sua grande obra, “de fato, descobrir a lei econômica que preside o movimento da sociedade moderna”; quer dizer, conhecer profundamente as relações de produção da sociedade burguesa na sua aparição, desenvolvimento e decadência. Basendo-se nas leis econômicas do movimento da sociedade moderna, para Marx a transformação da sociedade capitalista em comunista é uma grande possibilidade.
Há quase duzentos anos do nascimento de Marx, o trabalho se
encontra cada vez mais socializado, base material para o socialismo. O
capitalismo desenvolveu de tal maneira as forças produtivas que com ele tem
reduzido enormemente o tempo social necessário para a produção das mercadorias.
Já no Manifesto Marx e Engels asseguravam que: “nunca soubemos tudo o que
poderia dar o trabalho humano até que demonstrou a burguesia”. Mas sob o
capitalismo, este enorme avanço histórico não liberta a maioria da sociedade do
trabalho pelo contrário: as jornadas de trabalho são cada vez mais extensas, as
condições de precarização do trabalho são moeda corrente, e a desocupação
sempre está presente na sociedade capitalista, como um fator que disciplina o
nível salarial dos que tem empregos.
Uma minoria cada vez mais ínfima da humanidade é a que vive
cada vez melhor. Porque se produz para a ganância individual dos capitalistas –
que competem com outros capitalistas – e não para as necessidades do conjunto
da sociedade.
Esta injustiça permanente gera uma contradição indissolúvel
para o sistema capitalista: a luta constante da classe operária para sacudir-se
o jugo do capital. Por isso, tem uma tarefa que no Manifesto é parte do
programa imediato da tomada do poder pelo proletariado, que é a “abolição da
propriedade privada dos meios de produção”. Como diz Riázanov, “Marx extrai da
situação efetiva da classe operária todas as deduções fundamentais do Manifesto
Comunista: organização de classe do proletariado, destruição da dominação da
burguesia, conquista do poder político pelo proletariado, supressão do trabalho
assalariado, nacionalização de todos os meios de produção”.
Sem medo de errarmos, afirmamos que além das grandes
mudanças que vieram com o século XX, a vigência da obra de Marx reside em que
cada uma das conclusões, as que chegou junto com Engels, se verificam na
atualidade. Nos últimos anos observamos como uma nova crise explodiu no coração
do capitalismo. Vimos as gigantescas manifestações na Grécia, Espanha e Egito;
no Chile, os estudantes ocupando as ruas e perdendo o medo que a ditadura de
Pinochet tentou deixar como herança; no México, milhares lutando contra um
Estado ligado ao narcotráfico que faz desaparecer a quem se atreve a
enfrenta-lo; no Brasil, o povo saindo contra os gastos da Copa do Mundo
enquanto as grandes massas seguem vivendo em favelas; na Argentina, os
operários de uma gráfica tomam a fábrica quando os patrões a abandonam e estes
são apenas alguns poucos exemplos. Como podemos ver, o século XXI é como no
século de Marx, as crises capitalistas seguem-se sucedendo e a luta de classes
continua sendo o motor da história.
Para aprofundar sobre a vida de Marx, se recomendam os
seguintes livros:
David Riazanov, Marx y Engels de Ediciones IPS.
David Riazanov, Marx y Engels de Ediciones IPS.
V. I . Lenin, Carlos Marx (Breve esbozo biográfico, con una
exposición del marxismo)
Franz Mehring, Karl Marx. Historia de su vida
Franz Mehring, Karl Marx. Historia de su vida