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(Millôr Fernandes)

sábado, 9 de janeiro de 2016

Mulher tenta socorro no Hospital de Ceilândia e é agredida por seguranças

Sábado, 9 de janeiro de 2016 
Em um vídeo público, postado nas redes sociais, vigilantes aparecem chutando a vítima e a arrastando pelo braço

Isa Stacciarini — Correio Braziliense
Seguranças do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foram flagrados em uma ação de desrespeito com paciente da rede pública de saúde. Em um vídeo público, postado nas redes sociais, vigilantes aparecem chutando uma mulher e arrastando a vítima pelo braço até o lado de fora da unidade de saúde. Uma testemunha que presenciou o caso, de 22 anos, fez um relato em um grupo de mães no Facebook. Ela contou que a ocorrência aconteceu na quinta-feira (7/1).

Segundo a jovem que viu toda a situação, a vítima estava com a mãe em estado grave. Ao ter o acesso interrompido pelos seguranças, a filha tentou entrar no interior do hospital. “O segurança do hospital não permitiu a mulher entrar com a mãe e colocou as duas do lado de fora. A mulher, para tentar ajudar a mãe, entrou e adivinha. O segurança a recebeu com vários chutes e saiu arrastando a mulher pelo corredor do hospital até o lado de fora”, revelou.
Reprodução/Facebook
Ela ainda contou que também sofreu represálias dos seguranças. “Ele ficou apontando o dedo na minha cara, me xingou lá. Foi horrível”, lamentou. Em entrevista ao Correio, a jovem, que prefere não ser identificada, contou que aguardava atendimento para a avó que tinha desmaiado e vomitado. "Tinha muita gente na fila. Eu estava com minha avó na ala de emergência quando iniciou a confusão. Comecei a filmar depois que tudo estava acontecendo. A mulher tentou entrar, mas o segurança não deixou. Mesmo assim ela conseguiu acesso e nessa hora os vigilantes saíram puxando pelo braço", explicou.
 
A vendedora ressaltou que ao ser agredida a vítima empurrou um dos seguranças. "Nesse momento eles começaram a dar um monte de murro nela. A mulher caiu no chão e mesmo assim os seguranças continuaram as agressões com chutes. Uma enfermeira saiu, ficou olhando, mas não fez nada. Um policial também presenciou a cena e não tomou nenhuma atitude", destacou. "A mulher foi expulsa do hospital e lá fora a baixaria continuou. Pela surra que ela levou, deve ter ficado muito machuada, porque eram quatro seguranças fortes, mas a vítima não voltou para dentro do hospital", acrescentou. 
 
O comentário da testemunha nas redes sociais sofreu repercussão na noite de sexta-feira (8/1) e continuou na manhã de sábado (9/1). Uma mulher revelou que passou por situação semelhante. “Eles são muito folgados mesmo. Uma vez aconteceu o mesmo comigo, só que levei o caso para a delegacia”, disse.

A mesma internauta fez um desabafo e pediu que a testemunha registrasse ocorrência na Polícia Civil e na ouvidoria do hospital. “Essa empresa tem que treinar melhor os funcionários dela. Eles trabalham com seres humanos e, principalmente, na área hospitalar onde as pessoas estão doentes ou familiares com o emocional abalado por estar vendo alguém passando mal. Isso tem que mudar, a saúde pede socorro e tem que mudar a partir do serviços terceirizados. Chega, cansamos disso”, completou.

No vídeo, um homem aparece com a blusa da Polícia Civil, assiste a agressão e não toma nenhuma atitude. A Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) informou que não existe registro de ocorrência sobre o caso. Sobre o suposto policial, a comunicação disse que"o caso será analisado e que será preciso, ainda, avaliar os fatos "em sua totalidade".
 
Depois da divulgação das imagens que comprovam a agressão, a direção do Hospital Regional de Ceilândia informou que "vai apurar as responsabilidades pelo ocorrido no referido plantão e destaca a preocupação com o respeito ao paciente e seu acompanhante".