Segunda, 5 de setembro de 2016
Bruno Bocchini - da Agência Brasil
A Justiça mandou soltar hoje (5) 18 dos 27
manifestantes detidos ontem (4) pela Polícia Militar no protesto contra o
presidente da República, Michel Temer, na capital paulista. A decisão
ocorreu em audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda, zona
oeste de São Paulo. Todos os manifestantes soltos são maiores.
No
momento em que deixaram o fórum, eles foram saudados por um grupo de
cerca de 30 pessoas, que, juntos com os jovens soltos, gritaram “fora,
Temer”, e “não tem arrego”.
“O Poder Judiciário entendeu que essa
decisão foi ilegal. O juiz relaxou a prisão ao entender que não houve
cometimento de crime nenhum por parte das pessoas que estavam detidas
hoje”, disse o advogado ativista Marcelo Feller. De acordo com ele, a
partir da decisão, os jovens não responderão mais ao processo criminal,
mas poderão continuar a ser investigados.
“Nas
palavras do juiz, ele disse que vivemos, independentemente de
entendimentos políticos de todos, dias tristes para nossa democracia, e
disse textualmente: triste do povo em que seus cidadãos têm que aguentar
as coisas de boca fechada”, disse Feller, que acompanhou a audiência de
custódia.
Segundo uma manifestante que se identificou como
Sofia, uma das detidas, apesar de a prisão ter ocorrido por volta das
15h30, até as 5 h não havia sido informado a eles o motivo da detenção.
“Foi tudo um grande abuso de poder, todo mundo falando que eram ordens
superior. Forjaram provas e ainda puseram armas [brancas] falando que
tínhamos que dizer que eram nossas”.
De acordo com Sofia, no
momento em que foram presas, as mulheres detidas foram obrigadas a se
dirigirem ao banheiro da estação de metrô Vergueiro e a ficarem nuas
para serem revistadas por policiais femininas.
“Durante o
enquadro, um policial começou a me revistar e me disse: você eu conheço.
E me deu um soco na minha costela e na sequência e ele pegou uma barra
de ferro azul entortada, e disse: ela é sua. E no boletim consta como se
a barra fosse minha. Diz que estava na minha mochila. E eu nem tinha
mochila”, disse um dos detidos que se identificou como Gabriel.
Em coletiva de imprensa, o comandante do Policiamento da Capital, Dimitrios Fyskatoris, defendeu a atuação da PM e disse não reconhecer nenhum excesso da tropa.