Sábado, 16 de junho de 2012
Vladimir PlatonowRepórter da Agência Brasil
O Brasil enfrenta um retrocesso em sua agenda
ambiental, depois de ter registrado importantes avanços nos últimos
anos, segundo avaliação do documento Agenda Socioambiental: Avanços e
Obstáculos Pós Rio-92, divulgado hoje (16) na Cúpula dos Povos, no
Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, paralelo à Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
O diretor de Políticas Públicas da organização não governamental SOS
Mata Atlântica, Mário Mantovani, disse que foram muitos os avanços desde
a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano (Rio92). Porém, destacou que nos últimos anos
também ocorreram retrocessos, como a aprovação do Código Florestal pelo
Congresso e a liberação de obras que produzem impactos ambientais, como
as grandes barragens.
“Vinte anos depois, não tem uma empresa que não tenha o tema ambiental
nas suas propostas de responsabilidade social. Na sociedade civil,
cresceu muito o número de ONGs. Mas o que nós percebemos é que o
governo, que tinha avançado muito, teve um grande retrocesso, aceitou a
chantagem de segmentos atrasados, principalmente a oligarquia rural, que
não agregam valor ambiental. Pelo contrário, concentram terras e fazem
com que o Brasil seja um dos países que mais usam venenos [agrotóxicos]
no mundo”, disse Mantovani.
O presidente do conselho diretor do Instituto Democracia e
Sustentabilidade (IDS), João Paulo Capobianco, também chamou a atenção
para a falta de avanços ambientais nos anos recentes. Segundo ele, isso
ocorre por causa da visão do governo de que o desenvolvimento é o que
importa.
“Tivemos muitos avanços que agora estão caminhando para retrocessos.
Tudo aquilo que veio da Rio92 está agora sob ameaça, incluindo a redução
de unidades de conservação por medidas provisórias, modificação na
legislação de proteção das florestas, mudanças no sistema de
licenciamento, fragilizando a capacidade de avaliação de danos
ambientais. Tudo o que possa ameaçar o crescimento a qualquer custo tem
que ser eliminado.
O documento Agenda Socioambiental: Avanços e Obstáculos Pós Rio-92 foi
assinado por 11 entidades ambientais e pode ser acessado no endereço www.idsbrasil.net.