Terça, 19 de junho de 2012
Da Tribuna da InternetCarlos Newton
Procurado pela Interpol em 182 países, o deputado Paulo Maluf (PP-SP)
podia ser encontrado ontem em São Paulo, livre, leve e solto, como
principal participante da festa cívica que formalizou o apoio do PP à
candidatura de Fernando Haddad (PT) à prefeitura da capital paulista.
Antes mesmo do patriótico ato, Maluf já havia conseguido emplacar a
contratação de um indicado seu no Ministério das Cidades: o pepista
Osvaldo Garcia, nomeado secretário nacional de saneamento ambiental do
Ministério das Cidades na última sexta-feira. Mas à imprensa, Maluf
disse que nem conhece Garcia e não sabe quem é.
“Não conheço ele. Parece que é do Paraná. É do PP do Paraná”,
desconversou Maluf, alegando que seu apoio ao candidato petista Fernando
Haddad é exclusivamente “por amor a São Paulo”.
“É o nosso candidato porque eu amo São Paulo. E por amor a São Paulo
eu tenho plena convicção de que São Paulo vai precisar do governo
federal para resolver seus problemas”, disse o amoroso Maluf,
envaidecido com a visita que lhe fizeram os dirigentes do PT, que
outrora foram seus maiores inimigos.
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MALUF HUMILHOU LULA
Para aceitar dar apoio ao candidato petista, Maluf fez questão de
humilhar Lula publicamente. Exigiu que ele fosse visitá-lo em sua mansão
no Jardim Europa, e Lula teve de ir, acompanhado do próprio Haddad e do
presidente do PT, Rui Falcão, que tiveram o constrangimento de
confraternizar com malufistas históricos, como o vereador Wadih Mutran
(PP).
“Nós não devemos olhar pelo retrovisor. Temos de olhar pelo
parabrisa. Quem olha pra trás, não olha para a frente”, disse Maluf, que
se dispôs até a participar do programa de Haddad na TV
Maluf disse ainda que as divergências ideológicas com o PT ja não
existem. “Não tem mais no mundo esquerda e direita”, explicou. “O que
tem hoje é “efficacité” [eficácia em francês]. Eu fiz a minha opção por
uma parceria estratégica com o governo federal”, ressalvou Maluf.
Então, está tudo explicado. E fica combinado assim.
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PROCURA-SE
VIVO OU MORTO
Como se sabe, Maluf está na lista de procurados da Interpol e corre o
risco de se preso e extraditado para os Estados Unidos caso deixe o
país. Ele é acusado pela Procuradoria-Geral de Nova York por suposta
prática de lavagem de dinheiro e envio ilegal de US$ 11,6 milhões para
uma conta bancária nos EUA. Caso seja condenado, pode cumprir até 25
anos de prisão.