Terça, 23 de julho de 2013
Discurso inoportuno
Cesar Maia
1. Dilma – desde o avião – era dirigida pelo publicitário. Tinha que
manter um riso forçado. Quando se distraía, recebia um sinal e abria o
sorriso outra vez. Durante a cerimonia dos hinos e discursos foi
flagrante e forçado demais.
2. O Papa – cansado depois de duas horas e meia de percurso,
cumprimentando estava naturalmente cansado. Afinal, seus 77 anos
deveriam ser respeitados.
3. Dilma atropelou o protocolo. Em vez de saudar o Papa, fez um longo
discurso para a transmissão direta da TV Globo. Um discurso politico,
como se estivesse numa rede presidencial de TV. Procurou dar aulas de
justiça social e desigualdade para uma claque que a aplaudia por
qualquer coisa que falasse. Quase um comício em rede nacional.
4. Criticou a política econômica da austeridade. Foi deselegante com
os governos anteriores, pois só nos últimos 10 anos, disse, há políticas
sociais no Brasil. Usou e abusou dos clichês. E ainda explicou as
manifestações de rua como produto dos avanços nestes dez anos. Falou
mais de meia hora. Usou o Papa para tentar recuperar-se do desgaste em
rede nacional de TV.
5. As feições do Papa permitiram ver o desconforto com tanta
demagogia. Seu discurso cumpriu o protocolo e o respeito: pouco mais de 5
minutos. Falou como líder católico, focalizado no evento para o qual
veio, sublinhando sua confiança que os jovens – tendo lastro em
educação, saúde…- entrarão por essas janelas de futuro.
6. O Papa e a diplomacia presentes certamente se chocaram com tamanho
desrespeito. Os milhões que viram pela TV a manipulação do evento para
Dilma tentar se explicar aos telespectadores se chocaram. O desrespeito
só a fez naufragar ainda mais. Se fosse feita uma pesquisa após os
discursos, confirmaria o que as redes comentaram ao vivo e depois.
Fonte: Tribuna da Imprensa