Sábado, 13 de setembro de 2014
Entenda como o esquema na Petrobras
abasteceu o caixa de aliados do governo e conheça os novos nomes
denunciados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa na
delação premiada
Da Revista IstoÉ, edição 2338
Mário Simas Filho, Sérgio Pardellas e Josie Jerônimo
Há duas
semanas, uma equipe composta por integrantes da Polícia Federal e do
Ministério Público trabalha arduamente para detalhar como funcionaria o
propinoduto instalado na Petrobras para abastecer políticos aliados
do governo Dilma Rousseff. Até agora, eram conhecidos trechos da
delação do ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo
Roberto Costa, considerado o maior arquivo vivo da República. Em
depoimento à Polícia Federal, o ex-executivo da estatal entregou nomes
de políticos e empresas que superfaturaram em 3% o valor dos contratos
da Petrobras exatamente no período em que ele comandava o setor de
distribuição, entre 2004 e 2012.
HOMEM BOMBA
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa depôs novamente à PF, na última semana, e apresentou novos nomes envolvidos no escândalo
Já se sabia que dessa lista faziam parte
figuras graúdas da República, como os presidentes do Senado, Renan
Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, o ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, a
governadora do Maranhão, Roseana Sarney, João Vaccari Neto, secretário
nacional de finanças do PT, Ciro Nogueira, senador e presidente nacional
do PP, Romero Jucá, senador do PMDB, Cândido Vaccarezza, deputado
federal do PT, João Pizzolatti, deputado federal do PP, e Mário
Negromonte, ex-ministro das Cidades, do PP, e até o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no mês passado. No
entanto, a relação de nomes entregue pelo ex-executivo da Petrobras é
ainda mais robusta. ISTOÉ apurou com procuradores e fontes ligadas à
investigação que, além desses políticos já citados, também foram
delatados por Paulo Roberto Costa o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o
governador do Ceará, Cid Gomes, e os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e
Francisco Dornelles (PP-RJ).
Envolvido na Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, que também está preso, tem sido pressionado a contar tudo, em troca de benefícios
Na semana passada, as investigações
avançaram sobre o rastreamento do dinheiro desviado. Os levantamentos
preliminares já confirmaram que boa parte da lista de parlamentares e
chefes de governos estaduais contemplada, segundo o delator, pelo
propinoduto da Petrobras, tem conexão direta com as empresas envolvidas
no esquema da estatal. Levantamento feito na prestação de contas
registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que cinco
empreiteiras acusadas de participar do esquema este ano doaram quase R$
90 milhões a políticos relacionados ao escândalo. Procuradas por ISTOÉ,
as empresas envolvidas respondem em uníssono que as doações “seguem
rigorosamente a legislação eleitoral”. A PF, no entanto, apura a origem
dos recursos doados e se, além dos repasses oficiais, houve remessas
ilegais. Suspeita-se que as doações eleitorais sejam usadas para lavar e
internalizar o dinheiro depositado no exterior. Instada a colaborar, a
Justiça da Suíça, país por onde circularam receitas provenientes de
superfaturamento dos contratos da Petrobras, já deu o sinal verde para a
cooperação.
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