Quando a gente acha
que Sucupira, a cidade da novela o Bem-Amado, de Sinhozinho Malta não existe
mais, eis que nos surpreende a Câmara Legislativa do DF. Com tantos problemas
fundiários em Brasília a Comissão de Assuntos Fundiários, a CAF, da CLDF gasta
tempo, papel e tanta coisa mais, para aprovar um projeto de lei (PL) que mais
parece de brincadeira.
O PL 1.868 de 2014,
acreditem, impõe uma multa de R$5 mil para quem distribua panfletos nas
sinaleiras e ruas do Distrito Federal. E olha que num segundo panfletinho
distribuído, a multa dobraria. Distribuição
de panfleto, se essa coisa for aprovada “nos finalmente” (como dizia Sinhozinho
Malta), fica proibida nas ruas do DF.
Não, isto não é
brincadeira, por mais absurdo que pareça. É verdade que o projeto ainda vai transitar
pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e ser votado pelo conjunto dos
distritais, isto no plenário.
Quem sabe, a maioria
dos distritais tenha o discernimento de que este projeto de lei é uma tolice,
uma bobagem, uma coisa ruim, inútil para qualquer fim, e por isso o rejeitem?
Mas a espada, espada não, o papel está no ar e aceita qualquer coisa. E pode
acabar sendo publicado no Diário Oficial do DF, sacramentando a inutilidade.
Nos sinais e ruas de
Brasília, jovens, velhos, mulheres, homens, tentam um pouco de dignidade no
trabalho humilde de distribuição de panfletos. É verdade que algumas pessoas
sequer abrem o vidro da janela do veículo para receber, educadamente, das mãos
de alguém um papel que, no fundo, é responsável por este alguém não passar
fome ou privações maiores. Eu, particularmente, não tenho medo. Há até
distribuidores de panfletos com os quais já mantenho uma empatia pelo olhar,
pela troca de um bom dia ou boa tarde, pelo muito obrigado recíproco. Pela civilidade.
Dos panfleteiros eu
não tenho medo. Tenho medo sim, quando mesmo com o carro trancado, ou fechado
dentro de casa, sei que estou sendo garfado por deputado, senador e coisas tais.
O papel que algumas pessoas recebem nas sinaleiras e ruas e depois jogam no
chão, jamais poderá ser comparado à sujeira que vemos por aí na política.