Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo
Instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a
atuar no mercado de capitais são o alvo final da Operação Warari Koxi,
deflagrada hoje (7), pela Polícia Federal (PF), para desarticular esquema
criminoso de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em reservas indígenas.
O principal alvo da atividade ilícita é a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Segundo a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro,
responsável pelo inquérito policial, o principal objetivo da investigação
iniciada em novembro de 2014 é mapear toda a cadeia da extração ilegal de ouro,
diamantes e tantalita para identificar e punir quem financia a ação ilegal dos
garimpeiros. Tantalita é um minério bastante valorizado no mercado: por
oferecer resistência ao calor é aplicado na indústria eletrônica.
“Tivemos que atuar em três frentes: executores, pessoas que
retiram o ouro [e outros minérios valiosos] das áreas indígenas;
intermediários, lojistas que captam os produtos e fornecem insumos [recursos]
para os executores atuarem; e financiadores, que estão nos grandes centros”,
disse Denisse.
Segundo ela, em Roraima, há pessoas de baixa renda usadas
pelo esquema. No topo da cadeia, como beneficiárias financeiras, há
distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs). Ela acrescentou que
lojistas e garimpeiros já autuados são explorados e "que a maior parte do
dinheiro movimentado vai para os grandes centros urbanos, para as mãos de
poucos".
"Já sabemos o destino final desse ouro: estamos atuando
na base para demonstrar a materialidade desse crime e [identificar] toda a
cadeia para, quando formos atuar em relação aos financiadores, não restar
dúvidas sobre como isso é feito", disse Denisse.
Supervisionadas pelo Banco Central, as DTVMs, entre outras
ações, intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores
mobiliários no mercado. Operam também no mercado acionário, comprando, vendendo
e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro.
De acordo com o chefe da Delegacia Regional de Combate ao
Crime Organizado em Roraima, Alan Robson Alexandrino, as DTVMs investigadas –
cujos nomes não foram revelados – faziam operações para aparência legal a todo
o montante movimentado ilicitamente. Durante as investigações, a PF identificou
movimentação suspeita de cerca de R$ 1 bilhão.
A PF estima que só o não pagamento de tributos tenha causado
aos cofres públicos prejuízo mensal de cerca de R$ 17 milhões mensais. Denisse
Ribeiro lembrou que a atividade garimpeira exige altas somas de dinheiro, o que
reforça a necessidade de combater toda a cadeia.
Cerca de 150 policiais federais participam da operação.
Trezentos e treze mandados judiciais estão sendo cumpridos em Roraima, no
Amazonas, Pará, em Rondônia e São Paulo. Cinco servidores públicos foram
conduzidos para prestar depoimento e liberados em seguida. O dono de uma draga
foi preso. Documentos e computadores foram apreendidos.
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