Terça, 17 de janeiro de 2016
Bruno Bochini – Repórter da Agência Brasil
Manifestantes liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL)
iniciaram no fim da tarde de hoje (12) o segundo ato de protesto contra o
aumento do transporte coletivo público em São Paulo. Desde o dia 9, as
passagens do metrô e trens estaduais e dos ônibus municipais, passaram de R$
3,50 para R$ 3,80. Diferentemente da última manifestação, na sexta-feira
(8), o policiamento hoje é ostensivo.
Cordões de policiais cercam o local da concentração do ato,
na Praça do Ciclista, localizada na Avenida Paulista. Há um único acesso
liberado à praça, pela Rua da Consolação. Nas ruas próximas, há policiais
da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) com metralhadoras. O policiamento,
mesmo antes do início do ato, abordava e revistava pessoas que saíam da estação
Paulista do Metrô.
Para o ativista Mário Constantino, do Movimento Rua
Juventude Anti-Capitalista, a mobilização de 2016 tem possibilidade de ganhar
corpo. “Em 2015, as manifestações ocorreram em meio ao passe livre para
estudantes e à construção de corredores de ônibus. Havia um cenário desfavorável
para mobilizar as pessoas. Em 2016, a situação é diferente. O cenário não é tão
desfavorável. Se as manifestações vão se massificar ou não, está em aberto.”
A última manifestação foi dispersada por volta das 19h30,
depois de a Polícia Militar entrar em confronto com os manifestantes no início
da Avenida 23 de Maio, na região central da capital.
O local transformou-se em campo de batalha, com a polícia
jogando bombas de gás e disparando contra a multidão. Alguns manifestantes
arremessaram garrafas e pedras nos policiais. A maior parte dos participantes
do ato dispersou pelas ruas próximas ao Terminal Bandeira, no centro da cidade.
Até às 15h30 de hoje, Guilherme Perissé, advogado de três
manifestantes presos sexta-feira, não tinha conseguido acesso aos autos do
processo. “O que me causa espécie é que havia um juiz para definir prisão às 4
horas da manhã [madrugada do sábado]. Não consigo falar com um juiz para
analisar o caso deles. Consegui o número do processo deles só agora”, disse
Parissé, que está no Fórum Criminal da Barra Funda. Ele faz parte do grupo
Advogados Ativistas.
Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, responsável
pelos ônibus municipais, e a Secretaria Estadual dos Transportes
Metropolitanos, responsável pelo transporte dos metrôs e trens estaduais, o reajuste
ficou abaixo da inflação acumulada desde o último reajuste, em 6 de janeiro de
2015. A inflação acumulada neste período foi de 10,49%, enquanto o aumento das
tarifas foi estipulado em 8,57% para o bilhete unitário.
A tarifa de integração entre ônibus e trilhos [metrô e
trens] passarão de R$ 5,45 para R$ 5,92. Já os bilhetes temporais 24 horas,
madrugador, da hora, semanal e mensal terão seus preços mantidos.
De acordo com as secretarias, “mais da metade dos usuários
do sistema de transportes (53%) não será impactada pela mudança na tarifa
unitária porque são beneficiários de gratuidades, usam bilhetes temporais que
não terão aumento ou são trabalhadores que já pagam o limite legal de 6% do
salário para o vale-transporte".
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