Terça, 13 de setembro de 2016
Daniel Isaia – Correspondente da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (13) a operação Clístenes,
em três estados e no distrito federal, para desarticular uma organização
criminosa que prometia a candidatos fraudar urnas eletrônicas nas
eleições deste ano. Os envolvidos pediam R$ 5 milhões para candidatos a
prefeito e R$ 600 mil para candidatos a vereador ao oferecer o serviço.
“A
lábia destes criminosos era tão grande que eles chegavam a afirmar: ‘o
trabalho é de 100%, ou o seu dinheiro de volta”, contou o delegado
Fernando Casarin, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da PF no
Rio Grande do Sul.
Ao longo das investigações, segundo ele, foi
possível constatar que se tratava de estelionato, já que o grupo não
teria meios para efetivamente fraudar as urnas eletrônicas. “Eles
alegavam que a alteração seria feita através da empresa que supostamente
oferecia o software pela Justiça Eleitoral. No entanto, o software em questão é produzido pela própria Justiça Eleitoral”, explicou o delegado.
A
investigação teve início há cerca de um mês e meio, depois que um
prefeito da região metropolitana de Porto Alegre foi contatado pelos
criminosos que ofereciam o serviço. Ele então fez uma denúncia à PF, que
o orientou a manter contato com os criminosos para, assim, identificar
os envolvidos e a forma como agiam.
Na manhã de hoje, foram
cumpridos três mandados de prisão preventiva, dois em Brasília (DF) e um
em Xangri-lá (RS), e três mandados de condução coercitiva, em
Xangri-lá, Canoas (RS) e Piripiri (PI). Além disso, cinco mandados de
busca e apreensão foram cumpridos em Canoas, Xangri-lá, Goiânia (GO) e
Brasília. Um dos alvos de prisão preventiva em Brasília não foi
encontrado e está foragido.
Urnas
Casarin
ressaltou a importância de a Operação Clístenes ter sido deflagrada
hoje, véspera da data em que as urnas eletrônicas começarão a ser
carregadas com os dados dos candidatos. “Dessa forma, é possível dar a
garantia ao eleitor de que nas eleições não haverá qualquer tentativa de
fraude, uma vez que os envolvidos nessa prática estão presos”, afirmou o
delegado.
Os presos responderão pelos crimes de estelionato e
organização criminosa, cujas penas somadas variam de quatro a treze anos
de reclusão. Eles serão encaminhados ao sistema prisional, onde
permanecerão à disposição da Justiça Eleitoral.
A Polícia Federal
seguirá investigando para identificar se o grupo conseguiu vender o
serviço falso para algum candidato. Em caso positivo, os compradores
também serão indiciados.
Segundo a Secretária de Tecnologia da
Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grando do Sul, a urna
eletrônica possui mecanismos de segurança que garantem que somente os
programas gerados na cerimônia de lacração possam ser executados com status
de aplicação oficial. Durante a cerimônia, os programas são
inspecionados, fazendo que não seja possível gerar um programa malicioso
para fraudar a eleição.
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