Sexta, 20 de novembro de 2015
Da Tribuna da Internet
Charge de Mariano (reprodução Charge Online)
Carlos Newton
O PSDB tinha vergonha de se manifestar contra a urna
eletrônica à brasileira, porque o sistema foi criado e implantado no governo de
Fernando Henrique Cardoso. Outros países também utilizam esse método de
aferição e contagem de votos, mas com uma diferença básica, pois
suas urnas eletrônicas possibilitam que os votos, em caso de dúvida, sejam
conferidos e recontados, enquanto a urna à brasileira, apelidada de jabuticaba,
sempre foi blindada, tornando impossível saber quem havia votado em quem.
Leonel Brizola sempre esteve à frente desta luta cívica,
que acabou sendo vitoriosa na quarta-feira, quando o Congresso conseguiu
derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff à proposta de retomar o voto
impresso nas eleições.
Desta vez, o PSDB deixou a vergonha de lado e também
defendeu a mudança na legislação eleitoral, para estabelecer que, assegurado o
sigilo, o voto impresso será depositado de forma automática em uma urna
lacrada, após a confirmação do eleitor de que o papel corresponde às suas
escolhas na urna eletrônica, como já acontece em outros países.
SEM RECONTAGEM
Recordar é viver. Na última eleição, o Tribunal Superior
Eleitoral, presidido pelo ministro petista Dias Toffoli, inventou mais uma
novidade – a contagem secreta, numa sala fechada, sem acesso até os demais
ministros do TSE, vejam que situação absurda e inaceitável. Além da apuração
nacional ter sido secreta, também a apuração do segundo turno em Minas Gerais
foi mantida sob sigilo, por determinação de Toffoli. E o resultado todos sabem:
o candidato tucano Aécio Neves vinha na frente, mas no final foi ultrapassado
pela petista Dilma Rousseff, que teria conseguido justamente a maioria dos
votos dos mineiros, uma tremenda e estranha coincidência.
Revoltado, o PSDB pediu para fazer uma auditoria da eleição
e o TSE aceitou. Mas o resultado foi decepcionante, porque comprovou que a
eleição era blindada, sem a menor hipótese de recontagem. Na época, sugerimos
aqui na Tribuna da Internet que o PSDB contratasse uma empresa de informática
que trabalha na Bolsa de Valores para investigar manipulação no pregão das
ações. Essa auditoria é feita através de algoritmos e poderia ser viável também
no controle da evolução da contagem dos votos. Era a única maneira de fazer uma
auditagem eletrônica, mas o PSDB não se interessou.
GOVERNO LUTOU CONTRA…
A urna jabuticaba foi criada pelos tucanos, mas agora quem
a defendeu ardorosamente, até o fim, foram os petistas e aliados.
O Congresso, reconheça-se, tinha feito seu dever ao aprovar o projeto do
deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criando o controle na urna eletrônica e
restabelecendo a possibilidade da recontagem de votos. Mas a presidente Dilma
Rousseff, estranhamente, vetou exatamente esse dispositivo saneador e
moralizador, mostrando não aceitar a transparência do sistema eleitoral.
Agora, mostrando que ainda há políticos em Brasília, o
Congresso Nacional derruba o veto presidencial e presta uma homenagem indireta
ao líder trabalhista Leonel Brizola, que jamais aceitou a blindagem das
eleições brasileiras, as únicas do mundo em que não havia hipótese de
recontagem.
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PS – O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, considerou o voto
impresso como “um passo atrás”. Perdeu uma excelente oportunidade de ficar
calado ou trocar de assunto.
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