Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 12 de outubro de 2014

Fim dos negaceios: Marina aceita a corte do Aécio. Será o xeque-mate?

Domingo, 12 de outubro de 2014
Este foi o previsível desfecho... 


Do Blog Náufrago do Utopia
Por Celso Lungaretti
Depois de fazer suspense por três dias, Marina Silva acaba de declarar apoio formal ao candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves.
Como a maioria dos seus eleitores já ia pelo mesmo caminho, não me parece que o quadro tenha se alterado significativamente.

Se a política tem alguma lógica, e eu penso que tem, Aécio marcha para a vitória. Quem acompanha o meu trabalho, sabe, contudo, que a minha preferência era outra. 

Há muito duvidava das chances de reeleição de Dilma, prevendo que uma candidata fraca como ela sucumbiria ao mau desempenho da economia brasileira nos últimos anos e ao desgaste natural do exercício prolongado do poder pelo PT (mensalão e propinoduto inclusos). 

Com Lula, a conversa talvez fosse outra. Dilma nem de longe possui carisma comparável.

O vendaval Marina me animou. Por um golpe do destino, o PSDB poderia ficar fora do 2º turno, salvando-nos de uma vitória retumbante da direita,


...de uma decisão desastrosa...

Quando a acriana falava em aproveitar os melhores quadros dos vários partidos, era claro para mim que alguns petistas ilustres integrariam o seu governo. Gente como o Eduardo Suplicy, que acaba de perder a vaga no Senado não por ser malquisto pelo eleitorado, mas por ter carregado todo o peso da rejeição paulista ao PT, enquanto, paradoxalmente, o partido-urso  o abandonava à própria sorte. 
E, eleita pelo pequeno PSB, ela dificilmente faria um governo que a credenciasse à reeleição --além de rejeitar enfaticamente tal possibilidade. Ademais, pode até ser lucro não estar no poder quando se aplicarão os remédios mais amargos na economia. Ter pilotado recessão é veneno nas urnas.

Que a meramente reformista Dilma fosse substituída pela meramente reformista Marina não seria, portanto, nenhuma catástrofe. E o PT teria tudo para voltar ao Palácio do Planalto em 2018, com seu astro maior.

Mas, os gênios do partido foram para o tudo ou nada, bisonhamente, temendo mais a história de vida de Marina do que a habilidade política bem superior de Aécio Neves, o apoio muito mais decidido que o poder econômico necessariamente concederia a quem de fato o representa, o impacto que as delações premiadas relativas ao aparelhamento da Petrobrás teriam na opinião pública (só ingênuos foram surpreendidos pelos vazamentos para a grande imprensa nos momentos mais cruciais da campanha!), etc.

 Ao que tudo indica, a infame satanização de Marina só haverá servido para transformar uma derrota parcial nas mãos de uma adversária em derrota avassaladora nas asas do pior inimigo. Mágica besta está aí.
...dos aprendizes de feiticeiros do PT.

Voltar à oposição, contudo, poderá fazer muito bem ao PT, se ele se der conta de que sua desgraça se terá devido ao abandono das bandeiras históricas que o diferenciavam dos demais partidos, seja no campo da justiça social, seja no da ética.
A volta às origens não é impossível, embora já tenha dilapidado substancial parcela de capital político acumulado nas saudosas jornadas do ABC, na superação da ditadura e nos tempos esperançosos do Lula-lá.
A refundação será a opção que lhe vai restar, se não quiser decair cada vez mais, até se tornar um novo PMDB, tão bem sucedido na fisiologia mais rasteira quanto irrelevante como força decisória e transformadora do País.