| Este foi o previsível desfecho... |
Do Blog Náufrago do Utopia
Por Celso Lungaretti
Depois
de fazer suspense por três dias, Marina Silva acaba de declarar apoio
formal ao candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves.
Como a maioria dos seus eleitores já ia pelo mesmo caminho, não me parece que o quadro tenha se alterado significativamente.
Se a política tem alguma lógica, e eu penso que tem, Aécio marcha para a
vitória. Quem acompanha o meu trabalho, sabe, contudo, que a minha
preferência era outra.
Há muito duvidava das chances de reeleição de Dilma, prevendo que uma
candidata fraca como ela sucumbiria ao mau desempenho da economia
brasileira nos últimos anos e ao desgaste natural do exercício
prolongado do poder pelo PT (mensalão e propinoduto inclusos).
Com Lula, a conversa talvez fosse outra. Dilma nem de longe possui carisma comparável.
O vendaval Marina me animou. Por um golpe do destino, o PSDB poderia ficar fora do 2º turno, salvando-nos de uma vitória retumbante da direita,
Quando a acriana falava em aproveitar os melhores quadros dos vários partidos, era claro para mim que alguns petistas ilustres integrariam o seu governo. Gente como o Eduardo Suplicy, que acaba de perder a vaga no Senado não por ser malquisto pelo eleitorado, mas por ter carregado todo o peso da rejeição paulista ao PT, enquanto, paradoxalmente, o partido-urso o abandonava à própria sorte.
E, eleita pelo pequeno PSB, ela dificilmente faria um governo que a
credenciasse à reeleição --além de rejeitar enfaticamente tal
possibilidade. Ademais, pode até ser lucro não estar no poder quando se
aplicarão os remédios mais amargos na economia. Ter pilotado recessão é
veneno nas urnas.
Que a meramente reformista Dilma fosse substituída pela meramente
reformista Marina não seria, portanto, nenhuma catástrofe. E o PT teria
tudo para voltar ao Palácio do Planalto em 2018, com seu astro maior.
Mas, os gênios
do partido foram para o tudo ou nada, bisonhamente, temendo mais a
história de vida de Marina do que a habilidade política bem superior de
Aécio Neves, o apoio muito mais decidido que o poder econômico
necessariamente concederia a quem de fato o representa, o impacto que as
delações premiadas relativas ao aparelhamento da Petrobrás teriam na
opinião pública (só ingênuos foram surpreendidos pelos vazamentos para a
grande imprensa nos momentos mais cruciais da campanha!), etc.
Ao que tudo indica, a infame satanização de Marina só haverá servido para transformar uma derrota parcial nas mãos de uma adversária em derrota avassaladora nas asas do pior inimigo. Mágica besta está aí.
| ...dos aprendizes de feiticeiros do PT. |
Voltar à oposição, contudo, poderá fazer muito bem ao PT, se ele se der
conta de que sua desgraça se terá devido ao abandono das bandeiras
históricas que o diferenciavam dos demais partidos, seja no campo da
justiça social, seja no da ética.
A volta às origens não é impossível, embora já tenha dilapidado
substancial parcela de capital político acumulado nas saudosas jornadas
do ABC, na superação da ditadura e nos tempos esperançosos do Lula-lá.
A refundação
será a opção que lhe vai restar, se não quiser decair cada vez mais,
até se tornar um novo PMDB, tão bem sucedido na fisiologia mais rasteira
quanto irrelevante como força decisória e transformadora do País.

