Quinta, 14 de maio de 2015
Em entrevista à revista Sábado,
o linguista norte-americano que visitou Portugal na semana passada
ataca o "capitalismo distorcido" que faz os povos da periferia europeia
pagarem pelos empréstimos arriscados dos bancos.
14 de Maio, 2015
Foto Ministério da Cultura da Argentina/Flickr
"A
crise em Portugal, Grécia, Espanha e outros países da periferia
europeia é reveladora", afirmou Chomsky numa entrevista publicada esta
quinta-feira na revista Sábado. "Se fossem aplicados os princípios
básicos do capitalismo, eram os bancos alemães e de outros países do
Norte que tinham de suportar a crise, pois concederam empréstimos de
alto risco, com elevadas taxas de juro", acrescentou.
Para Noam Chomsky, que encheu na semana passada o auditório da Gulbenkian
numa conferência universitária, "na Europa, os bancos conseguiram que
os riscos que tinham assumido fossem suportados pelos Estados". Trata-se
portanto de um "capitalismo distorcido", acusa o linguista: "Os
portugueses estão a pagar as aventuras dos bancos alemães, que fizeram
empréstimos arriscados".
A seguir à crise financeira, pouca coisa mudou, regista Chomsky. "Os
últimos relatórios do FMI mostram que os bancos continuam a ter grandes
lucros, sobretudo devido às políticas de isenção fiscal e subsídios
diretos e indiretos dos governos", conclui.