Sexta, 12 de julho de 2013
PF diz que boatos sobre fim do Bolsa Família foram espontâneos e descarta crime
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Os boatos sobre o fim do Programa Bolsa Família tiveram
origem espontânea. Esta é a conclusão das investigações da Polícia
Federal (PF) sobre o caso. As investigações apontam que “o boato foi
espontâneo não havendo como afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenha
causado os boatos envolvendo o Programa Bolsa Família. Conclui-se,
assim, pela inexistência de elementos que possam configurar crime ou
contravenção penal”, diz nota divulgada hoje (12) pela PF. O relatório
final será encaminhado ao Juizado Especial Criminal do Distrito Federal.
Em maio, boatos sobre o fim do programa levaram a uma corrida dos
beneficiários às agências bancárias da Caixa Econômica Federal para
sacar o benefício. No ápice do boato, nos dias 18 e 19, o banco
registrou 920 mil saques de beneficiários.
Na ocasião, a presidenta Dilma Roussef classificou os boatos de atos criminosos e fez um apelo para que os brasileiros não acreditassem nos pessimistas e, sobretudo, nos boatos.
Entre as linhas de investigação da PF, foi analisada o possível uso
de redes sociais para a propagação dos boatos. O cruzamento de dados
permitiu identificar uma postagem, em uma rede social, feita pela filha
de uma beneficiária da cidade de Cajazeiras (PB) informando sobre o
saque antecipado de sua mãe. Essa foi a primeira menção na internet a
respeito do assunto.
“No entanto, a postagem desta informação não foi a origem dos
boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais apenas reproduziram
notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências
bancárias. Da mesma forma, não ficou configurada a utilização de rádios
comunitárias, telemarketing ou empresa contratada para a
disseminação da informação de cancelamento do programa. Apenas uma
beneficiária no Rio de Janeiro noticiou ter recebido telefonema a
respeito, depoimento que não se repetiu em nenhuma outra oitiva”, diz a
nota.
De acordo com a PF, a investigação cruzou dados referentes aos
registros de saques feitos no período, bem como o padrão dos saques
feitos nos meses anteriores. O objetivo era identificar os primeiros
beneficiários a sacar o dinheiro do programa.
As informações mostraram o aumento anormal no volume de saques nas
cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras (PB), onde ocorreram os primeiros
saques, já nas primeiras horas do sábado, dia 18 de maio. As cidades
também apresentaram, proporcionalmente, o maior número de saques dos
benefícios no final de semana.
Durante a apuração, foram ouvidos 180 beneficiários de 11 estados:
Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Também foram ouvidos 64 gerentes da
Caixa nas localidades, onde ocorreu o maior volume de saques.
A PF constatou que, das pessoas ouvidas, “aproximadamente 40%
encontravam-se na data correta do cronograma de pagamento da bolsa".
"Entre os motivos que levaram os demais beneficiários às agências
bancárias, constam: a ciência da antecipação do pagamento por motivos
diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das
mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa,
respectivamente”.
Dias após o boato, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a dizer que os boatos poderiam ter sido orquestrados e o PSDB pediu à Procuradoria-Geral da República que investigasse se a Caixa cometeu crime de responsabilidade de falsidade ideológica no episódio dos boatos do fim do Bolsa Família.
Após a onda de boatos, o governo anunciou que irá monitorar de forma rigorosa os saques para possibilitar uma resposta mais rápida a este tipo de problema
Após a onda de boatos, o governo anunciou que irá monitorar de forma rigorosa os saques para possibilitar uma resposta mais rápida a este tipo de problema