Quarta, 17 de julho de 2013
Marcelo Brandão, repórter da Agência Brasil
Brasília - Após horas de negociação entre os representantes do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da
Federação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf),
nenhum acordo foi fechado. Por causa disso, os cerca de 700
agricultores, segundo a Polícia Militar, que ocupam o prédio do Incra
desde a madrugada desta quarta-feira (17) vão passar a noite no local.
As conversas serão retomadas amanhã (18), a partir das 9h.
“Vamos permanecer no prédio até amanhã, quando retomaremos as
negociações pra tentar um entendimento pra desocupar o prédio. Mas, por
enquanto, continuaremos em tempo indeterminado”, disse o
coordenador-geral da Fetraf, Francisco Lucena, que lamentou não ter
chegado a uma solução.
O diretor de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento do Incra,
César Aldrighi, chegou a dizer que os manifestantes prometeram desocupar
o prédio na manhã desta quinta-feira, mas Lucena negou.
“Nós propusemos, para desocupar o prédio, que nos fosse fornecido
água, liberação dos banheiros e da garagem à noite, das 19h às 7h, para
dormirem as crianças, mulheres e pessoas que têm problema de pressão.
Mas eles não aceitaram. Tentaram nos convencer de que tínhamos proposto
ficar na garagem só esta noite e amanhã iríamos para a Superintendência
Regional do Incra, mas nós dissemos que não era essa a proposta”.
Os manifestantes ocuparam o prédio às 4h30 desta madrugada. Eles
quebraram os vidros da porta de entrada. Eles vieram do interior de
Minas Gerais, Goiás e do Entorno do Distrito Federal. O grupo é formado
por várias famílias, incluindo crianças e idosos. Apesar da entrada
forçada no prédio, não houve conflito com os seguranças, que permanecem
no local.
Entre as reivindicações dos agricultores está a restituição do
chamado Crédito Instalação, uma verba concedida pelo Incra para auxiliar
no desenvolvimento inicial de moradia das famílias contempladas com
assentamentos. De acordo com a Fetraf, R$ 40 milhões foram retirados sem
explicação.
A assessoria do Incra informou que a verba foi suspensa sob alegação
de “fragilidades nas etapas do processo de concessão dos recursos”. Uma
dessas fragilidades é a falta de critérios objetivos na definição de
quem tem prioridade no recebimento do crédito. Na pauta de
reivindicações também consta a concessão de terra para assentar 3 mil
famílias, além da implementação de infraestrutura e assistência técnica
nos assentamentos.
O Incra não aceita negociar com o prédio ocupado. A Advocacia-Geral
da União (AGU) obteve uma liminar na Justiça determinando a desocupação
do prédio. De acordo com o órgão, os manifestantes devem deixar o prédio
nas próximas horas, sob pena de multa de R$ 5 mil por dia de
descumprimento.