Terça, 16 de julho de 2013
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Policiais federais de todo o país participam hoje (16) da
Marcha pela Reforma da Polícia Federal. A finalidade da categoria é
reivindicar alterações na estrutura da PF e modernização da investigação
criminal. Os policiais também pedem mais investimento na capacitação
dos servidores e nos recursos materiais da entidade.
Eles se concentram, a partir das 9h, em frente à sede do Departamento
de Polícia Federal (DPF), em Brasília, e seguem até o Congresso
Nacional, onde será lançada oficialmente a Frente Parlamentar em Apoio
pela Reestruturação da Polícia Federal. "Esperamos reunir perto de 2 mil
profissionais para o ato", disse à Agência Brasil o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Araújo Boudens.
A Frente Parlamentar, formada por oito parlamentares e coordenada
pelo deputado federal Otoniel Lima (PRB-SP), tem como objetivo discutir a
atual situação da Polícia Federal e promover mudanças na estrutura
orgânica e de carreira, além de melhorias nas condições de trabalho dos
servidores e aumento da qualidade das investigações.
“A ideia da Frente Parlamentar surgiu depois da minha visita à Ponte
da Amizade. Percebi que a situação do prédio e dos agentes era
precária. Por isso nós vamos atuar na parte de estrutura e capacitação
dos servidores. Depois de instalada a frente pretendemos fazer caravanas
nos 27 estados para apurar as condições de trabalho da Polícia
Federal”, disse Otoniel Lima.
Segundo o deputado, a intenção da frente também é aglutinar os
policiais civis, militares no debate sobre segurança pública. A frente
também deve propor um projeto de combate à corrupção. "Queremos fazer um
grande movimento para discutir a segurança pública, disse.
Os policiais também querem promover a reestruturação dos cargos da
PF. A Fenapef defende uma mudança que permita aos policiais, agentes,
papiloscopistas e administrativos chegarem aos postos de comando,
atualmente restritos aos delegados. O vice-presidente da Fenapef avalia
que a estrutura atual faz com que profissionais experientes não
ascendam. “Temos um projeto maior de unificação de todos os cargos e a
pessoas vai se especializando. A partir daí ela poderá ascender para as
funções de liderança. Do jeito que está hoje, depois da academia a
pessoa vai para o local de comando sem a devida experiência."
Os policiais também vão pedir mudanças nos procedimentos de
investigação. "Hoje você não tem a figura do investigador na cena do
crime. Se, por exemplo, ocorre um homicídio, o que acontece é que a
Polícia Militar chega ao local e aciona um perito que vai encaminhar os
dados para o delegado que vai decidir os procedimentos de investigação. É
muita burocracia. Defendemos que os policiais tenham mais autonomia na
parte inicial de apuração do crime", observou Luis Araújo Boudens.
Levantamento feito pela Fenapef mostra que menos de 10% dos inquéritos
instaurados para apurar este tipo de crime chegam a algum resultado.
Outro ponto defendido é o fim do inquérito policial, tido como um
modelo arcaico de apuração. "Quando você fala em extinção do inquérito
policial como é hoje, a figura do delegado fica meio perdida. Queremos
que o modelo [brasileiro] seja como em vários países, inclusive da
América Latina, onde as investigações são designadas para os
investigadores que respondem a um único chefe."