Sexta, 13 de novembro de 2015
Do PSTU
Editorial do Opinião Socialista nº 508
Quando
fechávamos esta edição, os petroleiros já entravam no 14º dia da greve mais
forte que já fizeram desde 1995. Eles, efetivos e terceirizados, necessitam de
solidariedade, porque enfrentam a corrupção, a privatização, a
desnacionalização da Petrobrás e a exploração. É hora de dizer “somos todos
petroleiros”, porque se os petroleiros ganham, ganhamos todos nós
trabalhadores.
As
mulheres, por sua vez, começaram a ganhar as ruas contra o PL 5069 e exigem Fora
Cunha.
Os
trabalhadores e a população da região de Mariana (MG) sofrem com uma catástrofe
de proporções incalculáveis com a ruptura da barragem de rejeito da mineradora
Samarco/Vale. O Brasil assiste indignado a essa tremenda tragédia social e
ambiental que atinge Minas e Espírito Santo, ceifando vidas, águas, plantas,
animais produto da ganância e do descaso de megas empresas privatizadas e dos
governos.
Os
negros e negras, em novembro, vão ganhar às ruas e relembrar os 320 anos da
imortalidade de Zumbi e Dandara: dois símbolos de luta e resistência contra o
racismo e a marginalização do povo negro. Desde o grande combate contra a
situação de barbárie que eram submetidos negros e negras durante a escravidão
no Brasil, a maior da história, os negros vem afirmando a cada dia que é uma
luta sem tréguas contra o racismo e a exploração. Estado, governos e a
burguesia promovem a falácia da “democracia racial”, buscando impedir a tomada
de consciência racial e de um grande levante negro no Brasil.
O
movimento popular também vai às ruas em novembro. A verdade é que há lutas por
todo o país. São metalúrgicos, mineiros de Ouro Preto (Vale), estudantes e
professores de São Paulo, funcionários públicos. Há menos de um mês, assistimos
greves fortíssimas de trabalhadores dos correios e bancários.
O
governo Dilma, o Congresso, Eduardo Cunha incluído, os governos dos estados e
municípios e a patronal também não param de jogar a crise nas nossas costas,
enquanto defendem os lucros de banqueiros, grandes empresários e corruptos.
Neste momento, inclusive, PT e PSDB fizeram um acordão para manter Cunha na
presidência da Câmara de Deputados e longe da prisão.
A
classe trabalhadora e a maioria da população, conforme demonstra a última
pesquisa Ibope, está furiosamente contra o governo do PT e também contra Cunha,
Aécio, Temer, governadores e prefeitos.
É
necessário construir uma Greve Geral para derrubar esse ajuste fiscal, defender
os direitos dos trabalhadores, garantir estabilidade no emprego, redução da
jornada de trabalho, sem redução dos salários. Para fazer com que os ricos
paguem pela crise, parando de pagar essa dívida pública aos banqueiros,
impedindo a corrupção, a privatização e a entrega a preço de banana de estatais
valiosas como a Petrobras; reestatizando sem indenização as estatais que foram
privatizadas, como a Vale. Uma Greve Geral botaria para fora Dilma, Aécio,
Temer, Cunha e abriria a possiblidade de um governo verdadeiramente dos de
baixo, dos trabalhadores, sem corruptos e sem grandes empresários.
As
perguntas que não devem calar são: por que a CUT e demais centrais não atendem
ao chamado da CSP-Conlutas para construir uma Greve Geral? Por que sequer
aceitam unificar as greves, como teria sido possível fazer, juntando
petroleiros, bancários, correios e metalúrgicos? Por que a CUT e a Federação
Única dos Petroleiros (FUP), ligada à CUT, estão negociando com o empresariado,
governo e com o Congresso propostas para “destravar a operação de setores
envolvidos na Operação Lava Jato - o de óleo e gás e a construção civil e naval
- e supostamente “reconduzir a economia brasileira à trajetória de
crescimento”.
Por
que a CUT, que está negociando através do PPE a redução de salários dos
metalúrgicos, diz ser “contra o ajuste fiscal de Levy e da direita”, enquanto
“aumenta pressão para que Meirelles substitua Levy”? Lula, Palocci e a direção
do PT também estariam convencendo Dilma a trocar Levy por Henrique Meirelles no
Ministério da Fazenda. Meirelles foi presidente mundial do Banco de Boston e
ministro de Lula e, segundo analistas, Lula e Dilma teriam apoio de parte
expressiva do empresariado e também do sistema financeiro para essa troca.
Mudaria alguma coisa para os trabalhadores a troca de um banqueiro por outro?
Por que o MTST e o PSOL fazem a “Frente Povo Sem Medo” com a CUT e UNE apenas
contra o ajuste fiscal do Levy, blindando Dilma, ao invés de vir construir uma
Frente com as entidades do Espaço Unidade de Ação contra o governo, a oposição
de direita e o ajuste fiscal?
Todas
essas perguntas induzem a algumas repostas: Todos os setores comprometidos com
o “Fica Dilma” ou com a oposição de direita não se enfrentam de maneira
consequente com o ajuste fiscal e são contrários a uma Greve Geral, porque ela
daria poder aos trabalhadores contra o governo, o Congresso, a oposição de
direita e a patronal; Assim como o governo do PT governa para o empresariado, a
CUT e demais centrais não se pautam pela independência de classe e possuem
acordos com parcela expressiva do empresariado nacional e multinacional;
Meirelles no lugar de Levy continuará jogando a crise nas costas dos
trabalhadores, mas pode buscar privilegiar (ou salvar) alguns setores
empresariais, inclusive porque as empreiteiras devem para os bancos; E, por
fim, a CUT está na “Frente Povo Sem Medo” ao mesmo tem que está na “Frente
Brasil Popular” porque ambas atendem aos interesses de Lula e do PT. Uma, a
Frente Brasil Popular, defende explicitamente o governo, a outra o blinda,
fazendo de conta que o governo não existe.
Os
trabalhadores devem exigir que a CUT rompa com o governo e venha organizar uma
Greve Geral. Mas, precisamos fortalecer a iniciativa da CSP-Conlutas e do
Espaço Unidade de Ação de construir uma alternativa dos trabalhadores para
lutar de maneira coerente contra o governo, a oposição de direita, o ajuste
fiscal e a patronal.