Sexta. 17 de outubro de 2014
Do MPDF
A Escola
Superior do Ministério Público da União (ESMPU), em parceria com
o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT), realizou, entre os dias 14 e 17
de outubro, o curso de aperfeiçoamento Enfrentamento às discriminações.
O evento teve a participação de especialistas, pesquisadores e
representantes da sociedade civil que atuam no combate à discriminação.
Foram debatidos aspectos históricos, jurídicos e sociais das diversas
formas de discriminação.
O
promotor de Justiça Thiago Pierobom, coordenador dos Núcleos de Direitos
Humanos do MPDFT, explica que o curso é parte de uma iniciativa maior, o
Projeto Oxalá, que pretende combater o racismo em três vertentes: a
prevenção, a atenção às vítimas e a responsabilização dos autores.
“Vivemos em uma sociedade marcada pela violência e pela exclusão. Essa
violação de direitos coloca em xeque a própria democracia”, afirmou.
Veja o que dizem os participantes:
“Gostaria
de chamar atenção para a forma como a teoria constitucional se vincula
às relações raciais. Alguns institutos constitucionais trazem marcas da
luta contra o racismo e de outras demandas sociais. É importante
refletir sobre essa memória constitucional para entender, por exemplo,
como nossa constituição veio a tratar de temas como os quilombos e as
minorias étnicas”. (Evandro Piza Duarte, professor da Faculdade de
Direito da Universidade de Brasília)
“Sabemos
que a violência, no Brasil, tem idade, cor e classe social. Mais de 50%
das vítimas de homicídio são jovens entre 15 e 29 anos, 79% são negros e
93% são homens. Somos todos atingidos pela violência, mas alguns grupos
são mais vulneráveis e precisam de políticas públicas específicas.”
(Beatriz Cruz da Silva, Coordenadora-geral de ações de prevenção em
segurança pública da Secretaria Nacional de Segurança Pública do
Ministério da Justiça)
“Os
jornalistas precisam ter mais contato com o debate racial nas redações.
Trabalhamos pouco com os temas de Direito, por isso os colegas nem
sempre estão familiarizados com as discussões. As pautas de direitos
humanos precisam ter mais entrada nas redações.” (Heraldo Pereira,
jornalista da TV Globo)
“Os
argumentos contrários às políticas de cotas não são legítimos porque
estão baseados em pressupostos inadequados às normas constitucionais
brasileiras. A Constituição atribui ao Estado o papel de agente de
transformação social, o que o obriga a promover a integração de grupos
tradicionalmente excluídos.” (Adilson José Moreira, professor da Escola
de Direito da Fundação Getúlio Vargas)
“Desde
a redemocratização, percebemos a linearidade na evolução das políticas
de ações afirmativas. Essa continuidade demonstra que a sociedade está
pedindo essas políticas.” (Giovanni Harvey, secretário-executivo da
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
“A
autodeclaração, sempre que possível, deveria ser presencial, pois ela é
mais que um ato administrativo: é uma tomada de posição diante da
história. A ação afirmativa tem o poder de inverter a roda da história.”
(Augusto Werneck, procurador do Estado na Procuradoria-Geral do Estado
do Rio de Janeiro)
“É muito
importante o envolvimento do Ministério Público e de outras entidades
no enfrentamento à discriminação e na promoção dos direitos LGBT, porque
esse grupo ainda sofre muitas violências físicas e psicológicas, como o
caso recente dos garotos que foram agredidos em um bar.” (Cíntia Costa
da Silva, promotora de Justiça integrante do Núcleo de Enfrentamento à
Discriminação do MPDFT)
“O
tema é de extrema importância. O MPDFT está tentando construir uma
agenda com a sociedade civil, instituições e movimentos sociais para
promover a construção de meios de combate à discriminação LGBT.” (Tiago
Alves de Figueiredo, promotor de Justiça integrante do Núcleo de
Enfrentamento à Discriminação do MPDFT)
“A
formação continuada é fundamental para mudar as representações. É
preciso mudar a homofobia institucionalizada, o fundamentalismo
religioso e a perseguição moral dos movimentos que lutam contra a
homo-lesbofobia. O Estado precisa parar de rifar as pautas LGBT em
função das negociatas políticas.” (Tatiana Lionço, professora do
Departamento de Psicologia do Centro Universitário de Brasília)
“Para o
enfrentamento às discriminações LGBT, é preciso criar ações de formação
em todos os níveis: estadual, municipal e federal. Sensibilizar que,
independente da orientação sexual ou da identidade de gênero, os
direitos humanos são de todos.” (Luis Henrique Vieira, coordenador de
promoção dos direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República)
“O
conceito de discurso de ódio dirigido aos homossexuais é prática ilícita
e vedada pelo ordenamento jurídico. Além disso, o direito à liberdade
de expressão não protege manifestações que proferem discurso de ódio às
minorais étnico-raciais e homossexuais.” (Paulo Leivas, procurador regional da República)