Sexta, 11 de dezembro de 2015
Da Agência Brasil
A
Polícia Federal prendeu hoje (11), na Operação Vidas Secas - Sinhá
Vitória, quatro executivos das empresas Galvão Engenharia, OAS, Coesa e
Barbosa Mello suspeitos de envolvimento no superfaturamento e desvio de
R$ 200 milhões em dois lotes da obra de transposição do Rio São
Francisco. Os nomes dos presos não foram revelados.
“São
diretores, conselheiros e representantes legais das empresas. Nós
queremos saber agora a eventual participação de servidores públicos e
políticos envolvidos na trama”, disse o superintendente da Polícia
Federal em Pernambuco, o delegado Marcelo Diniz.
Foram presos um
executivo que representa a OAS e a Coesa, um da Barbosa Mello e dois da
Galvão Engenharia. As prisões são temporárias e valem por cinco dias,
prorrogáveis por mais cinco, ou podem ser convertidas em preventivas -
quando não há prazo definido.
As empresas envolvidas compõem o
consórcio responsável pela construção de dois lotes da obra, no trecho
de 82 quilômetros entre Custódia, em Pernambuco, e Monteiro, na Paraíba.
Ao todo, a transposição do Rio São Francisco tem 14 lotes.
A
primeira fase da operação começou ainda em 2014, a partir de relatórios
técnicos do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da
União. Os laudos apontavam indícios de superfaturamento nas obras de
terraplanagem nos lotes 11 e 12 da transposição.
A suspeita da PF
é que as empreiteiras repassavam recursos recebidos do Ministério da
Integração Nacional, responsável pela obra, para empresas de fachada dos
doleiros Alberto Youssef e Adir Assad. Os dois estão presos e
condenados no âmbito da Operação Lava Jato.
Nesta fase da
operação, os policiais investigam o núcleo econômico, que são as
empreiteiras, e o financeiro, formado pelos doleiros. A Polícia Federal
investiga ainda os núcleos administrativo (participação de servidores
públicos) e político no esquema. “Todo o cenário converge para que
exista um núcleo político”, afirmou o delegado Felipe Leal, responsável
pela operação.
O consórcio investigado recebeu R$ 680 milhões
pela obra. Segundo a Polícia Federal, a operação deflagrada hoje é
independente da Lava Jato, mas houve compartilhamento de informações com
a força-tarefa responsável pela investigação de corrupção na Petrobras.
Além
das prisões, cerca de 150 policiais federais cumpriram 32 mandados
judicias, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva
(quando a pessoa é levada para prestar depoimento) em Pernambuco, Goiás,
Mato Grosso, São Paulo, no Distrito Federal, Ceará, Rio Grande do Sul,
Rio de Janeiro e na Bahia.
A Agência Brasil está entrando em contato com as empresas citadas pela Polícia Federal.
Obra
Segundo
o Ministério da Integração Nacional, todo o projeto de integração do
Rio São Francisco está orçado em R$ 8,2 bilhões. A obra engloba a
construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e
27 reservatórios. Além da recuperação de 23 açudes existentes na região
que receberão as águas do Rio São Francisco.
O governo federal
diz que o projeto beneficiará uma população estimada de 12 milhões de
habitantes, em 390 municípios nos estados de Pernambuco, do Ceará, da
Paraíba e do Rio Grande do Norte, além de gerar emprego e promover a
inclusão social. De acordo com o ministério, 81% das obras estão
concluídas.