Sábado, 5 de dezembro de 2015
Cristina
Índio do Brasil
O trânsito em uma das faixas da Rua Pinheiro Machado, em
Laranjeiras, zona sul do Rio, em frente à sede do governo do estado, o Palácio
Laranjeiras, ficou interrompido hoje (4) à tarde, durante uma hora, enquanto
durou a manifestação de protesto contra a morte de cinco jovens pelos tiros
disparados por policiais militares na noite do último dia 28, no subúrbio de
Costa Barros, zona norte da cidade.
Segurando velas acesas, os manifestantes cantaram
músicas, entoaram frases contra a polícia e o governo do estado, além de
fazerem discursos. O episódio de Costa Barros levou Nalui Mahin, estudante do
curso de Estúdios de Mídia, da Universidade Federal Fluminense (UFF) a propor,
por meio das redes sociais, a manifestação, que recebeu o título de Não
Atire seu Ódio sobre Nós. A estudante disse que a intenção era denunciar o
massacre de jovens negros: "É uma manifestação independente de partido
político, de entidades, de ONGs. É uma expressão de revolta e uma expressão
também de necessidade de mudança das políticas públicas de segurança, que estão
matando a juventude negra".
Nalui disse que apesar da manifestação ter sido em frente ao
Palácio Guanabara, não houve a intenção de pedir para os participantes serem
recebidos por qualquer representante do governo do estado: "As mortes da
juventude negra são muito invisibilizadas, ninguém liga, ninguém viu. Então
isso é um grito para dizer: nós estamos vendo, a gente exige que isso pare e que
isso mude. Eu tive a ideia [de propor a manifestação] porque isso é parte do
cotidiano”.
Depois de decidir fazer a manifestação, a estudante recebeu
o apoio da designer Maria Júlia Ferreira, que também postou nas redes sociais:
"A gente tem que ver uma forma de exercer a cidadania, que não é só
através do voto”.
O engenheiro Benedito Sérgio, integrante do colegiado do
Instituto de Pesquisas de Culturas Negras, disse que há uma certa inércia do
cidadão comum com relação às mortes que estão ocorrendo nas comunidades, em
decorrência de operações policiais: "É a discussão entre a civilização e
barbárie".
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