Mariana Jungmann e Iolando Lourenço - Repórteres da Agência Brasil*
O deputado Enio Bacci (PDT-RS) disse hoje (11) que
foi “pressionado” a não comparecer à reunião da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, a fim de que não houvesse quórum
para a votação de requerimentos. Segundo Bacci, a pressão partiu da
cúpula de seu partido e de parlamentares ligados ao governo. A maioria
dos parlamentares da base não compareceu aos trabalhos desta
terça-feira, e o quórum para apreciação de requerimentos não foi
atingido.
“A pressão foi no sentido de que a minha continuidade
como membro titular da CPMI poderia estar comprometida caso eu não
seguisse essa orientação de não comparecer para que não houvesse o
quórum necessário. Essa pressão veio tanto de membros do governo quanto
da cúpula do meu partido”, disse o deputado.
Bacci disse ainda
que tem o apoio da bancada de seu partido para continuar investigando
“doa a quem doer” as denúncias de corrupção na Petrobras. No entanto,
ressaltou que “há uma diferença entre a bancada e a direção partidária”.
O deputado contou que recebeu de sete a oito ligações e até contatos
pessoais para que não fosse à reunião, e que alguns desses
interlocutores disseram que ele seria obrigado a deixar a CPMI se
contrariasse a orientação. O parlamentar não quis revelar os nomes das
pessoas que telefonaram para ele por considerar que isso seria
“antiético” e acreditar que elas não o fizeram por vontade espontânea,
mas por orientação do governo.
Procurado pela Agência Brasil,
o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse “que faz algum tempo que não
fala com o deputado Enio Bacci”, e acrescentou: “Não tenho conhecimento
de nada. Desconheço essa denúncia”.
O líder do governo na Câmara,
Henrique Fontana (PT-RS), também declarou não ter conhecimento da fala
do deputado do PDT. Disse ainda que “não falou com ele” e que não tem
informação de que alguém teria procurado Bacci com o objetivo de
repassar qualquer orientação.
O líder do PT na Câmara, deputado
Vicentinho (SP), disse não saber da denúncia de Bacci e negou que o PT
tivesse feito qualquer tipo de pressão. "Eu não estou sabendo disso [da
denúncia de que houve constrangimento], mas posso afirmar que da parte
da liderança do PT não houve [pressão para o não comparecimento]".
Perguntado se na próxima reunião haveria votação de requerimentos,
Vicentinho disse que "a reunião foi convocada pelo presidente da CPMI
[senador Vital do Rêgo] para deliberar administrativamente, e eu espero
que assim aconteça".
*Colaborou: Luciano Nascimento