Sexta, 7 de
novembro de 2014
Pedro França/Agência Senado
Ao fazer uma reflexão sobre as perspectivas do segundo
mandato de Dilma Rousseff, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou nesta
sexta-feira (7), em discurso no Plenário, que a presidente receberá de si
própria uma herança maldita. Cristovam cobrou uma mudança de postura do governo
e a adoção de uma nova política econômica que permita ao país sair do atual
cenário, que beira a recessão segundo ele.
— O que desagrega mais imediatamente um país é a crise
econômica. A educação está péssima, mas o país continua funcionando. A saúde
vai mal, mas o país continua funcionando, mas quando a economia vai mal é o
conjunto da sociedade que entra em crise. Nossa economia não está bem —
argumentou.
O senador disse que a inflação tem corroído o salário dos
trabalhadores. Para ele, o atual panorama põe em risco o único indicador
positivo que é a taxa de desemprego. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre, essa taxa ficou em 6,8%.
Segundo Cristovam, a estimativa de crescimento de 0,24% do
Produto Interno Bruto (PIB), conforme apontam economistas, representa, na
prática, o empobrecimento de todos os brasileiros.
— Isso é uma clara recessão do ponto de vista per capita,
porque a população cresce a mais de 0,24% ao ano. E se o PIB cresce apenas
0,24% a população cresce a mais que isso é porque cada brasileiro empobreceu —
avaliou.
O senador reconheceu avanços sociais obtidos pelo PT nos
últimos 12 anos e afirmou que o país já esteve pior antes, mas avaliou que
questões importantes como saúde, educação e mobilidade urbana permanecem como
problemas em que pouco se avançou.
— O governo atual começa com uma herança maldita que ele
mesmo criou — resumiu.
Política
Ao listar os problemas pelos quais o país passa e apontar
perspectivas nebulosas para o futuro próximo, Cristovam afirmou que uma
alternância no poder poderia ser benéfica, pois permitiria que o novo
governante tomasse as medidas necessárias para garantir uma mudança de rumos na
economia.
— Lamentavelmente o próximo governo não começa em lua de mel
com a população. Teve a maioria dos votos, mas muitos dos que votaram no PT
votaram porque não queriam a volta do PSDB — disse.
Da mesma forma, acrescentou Cristovam, muitos que votaram em
Aécio Neves não queriam a continuação do PT. Para o senador, o quadro político
atual não "empolga" e demonstra uma profunda desconfiança dos
eleitores com relação aos partidos e políticos. O senador ainda classificou
como trágica e arriscada a polarização entre PT e PSDB, que segundo ele, está
no limite do fanatismo.
Fonte: Agência Senado