O relator da CPI dos Transportes, na Câmara Legislativa,
deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), apresentou ao final da reunião desta
quinta-feira (3) requerimento para a convocação do ex-vice-governador do DF
Tadeu Filippelli a fim de prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento
dele em favor de empresas que participaram do processo de renovação da frota de
transporte coletivo do DF, em 2012. O presidente da CPI, Renato Andrade
(PR), anunciou que o requerimento deverá ser votado na próxima reunião da CPI,
na quinta-feira, de manhã.
O pedido de convocação de Filippelli ocorreu logo depois que
o ex-chefe do departamento jurídico do DFTrans, Samuel Barbosa, declarou
em seu depoimento que o vice-governador da gestão passada ordenara a ele
que retirasse parecer contrário à habilitação das empresas Pioneira, Cidade de
Brasília e Planeta, que participaram da licitação. "Ele me disse que eu
não tinha competência para apresentar o meu parecer", informou o advogado
de carreira do DFTrans.
O advogado revelou ainda detalhes da reunião que tivera
na residência oficial da vice-governadoria, na presença do seu ex-chefe, o
secretário-geral do DF Trans, Marco Antônio Campanella. Disse que ficou calado,
sem contestar a determinação recebida, por obediência funcional. Mas admitiu para
o relator da CPI que se sentiu "constrangido" com aquela
interpelação verbal.
Indagado por Ribeiro se a atuação de Filippelli no processo
teria beneficiado a empresa Pioneira - que acabou sendo uma das escolhidas
do certame -, o advogado disse que não faria juízo de valor sobre o assunto,
mas que o não-acatamento da recomendação que fez em seu relatório acabou
permitindo que a Pioneira participasse da licitação, sem problemas.
Segundo justificou o advogado, seu parecer pela exclusão
daquelas empresas foi técnico pois analisou que houve "formação de grupo
econômico" entre as três concorrentes, que estariam sob comando do
empresário Vítor Oliveira.
"Cartas marcadas" –
A CPI dos Transportes também ouviu na reunião de hoje, como convidado, o
vereador de Curitiba (PR), Jorge Bernardo (PDT). Ele fez um relato detalhado
aos distritais sobre as dificuldades enfrentadas por eles, em CPI idêntica, que
apontou muitas irregularidades e pressões de grupos econômicos. A presidente da
Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), acompanhou o depoimento do colega
de partido.
O vereador curitibano lembrou à CPI que o escritório do
advogado Sacha Rech, contratado pelo governo anterior para assessorar
juridicamente a licitação, fora envolvido recentemente na Operação
Pixuleco II. Afirmou também que o sócio do advogado foi denunciado por
irregularidades. "Comprovamos no final que houve um verdadeiro jogo
de cartas marcadas", advertiu.
Fonte: Zildenor Ferreira
Dourado - Coordenadoria de Comunicação Social da CLDF