Quinta, 3 de setembro de 2015
"Mais clara impossível, eu depositava oficialmente na conta do
Partido dos Trabalhadores. Nunca paguei nada ao Duque, estava pagando a
Vaccari" (Ricardo Pessoa ao ser indagado pelo juiz Sérgio Moro se a contribuição ao PT era mesmo parte do acerto da propina, se essa relação ficava clara)
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Da Tribuna da Bahia
Pessoa diz que Duque sempre o encaminhou ao tesoureiro João Vaccari
O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC
Engenharia, afirmou em depoimento à Justiça ter depositado dinheiro de
propina da Petrobras diretamente na conta do Partido dos Trabalhadores
(PT).
Segundo ele, as propinas da diretoria de Serviços da Petrobras eram
pagas ao gerente Pedro Barusco, e o diretor de Serviços da Petrobras,
Renato Duque, sempre o encaminhou a João Vaccari Neto, então tesoureiro
do partido.
Pessoa afirmou que a cobrança de propina em contratos com a Petrobras
começou com o deputado José Janene, do PP, quando Paulo Roberto Costa
assumiu a diretoria de Abastecimento. Na diretoria de Serviços, o
primeiro contato foi feito por Pedro Barusco e, depois, o diretor Renato
Duque passou a pedir contribuições financeiras por meio de Vaccari.
O juiz Sérgio Moro quis saber se a contribuição ao PT era mesmo parte do acerto da propina, se essa relação ficava clara.
- Mais clara impossível, eu depositava oficialmente na conta do
Partido dos Trabalhadores. Nunca paguei nada ao Duque, estava pagando a
Vaccari - afirmou o empresário.
O empresário disse que o pagamento de propina começou por volta de
2005 e existia mesmo que não houvesse cartel ou acerto entre as empresas
para vencer licitações.
- Independente de ter pacto de não agressão ou arranjo entre
empresas, eu era procurado para pagar. Tem contrato que não tinha
arranjo e tivemos que pagar - afirmou o empresário.
- Não sei se todas (as empresas) eram solicitadas ou admoestadas para
isso. Mas sempre fui solicitado e tive que comparecer firmemente com
esses pagamentos.
O ex-vice-presidente da Camargo Correa, Eduardo Leite, afirmou à
Justiça Federal que a Camargo Corrêa pagou propina "em todos os
contratos" com a Petrobras. Ele disse que negociou valores irregulares
com os ex-diretores Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa
(Abastecimento) e com o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco.
- Pelo o que eu sabia na época, todas as empresas prestadoras de
serviços junto a Petrobras tinham obrigação desse pagamento. Isso era
comentado no mercado. E por uma ou duas vezes, encontrando com
executivos, eles chegaram até a reclamar desse pagamento.
Segundo Leite, Márcio Faria, da Odebrecht, e Ricardo Pessoa, da UTC,
foram alguns dos executivos que se queixaram de ter que pagar propina
para funcionários corruptos:
- Você começa a conversar sobre o cliente e aí a reclamação recorrente era o volume de recurso que você tinha que informar.
O juiz Sérgio Moro quis saber se a contribuição ao PT era mesmo parte do acerto da propina, se essa relação ficava clara.