Sexta, 2 de novembro de 2014
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Da Pública
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Baixe gratuitamente o e-book, que reúne série finalista do Prêmio Gabriel García Márquez em 2013
Na manhã do dia 15 de junho de 2012, um helicóptero Robinson da Polícia Nacional paraguaia sobrevoou um terreno de 2 mil hectares no município de Curuguaty, próximo à fronteira com o Mato Grosso do Sul. Lá embaixo cerca de 70 camponeses – incluindo mulheres e crianças – ocupavam a terra no auge de uma disputa com o poderoso Blas N. Riquelme, ex-presidente do conservador Partido Colorado. O sobrevôo do helicóptero foi apenas o primeiro sinal: logo depois, centenas de policiais das forças de elite, da polícia montada e de grupos antimotins entraram no terreno para exigir a saída dos sem-terra. Seguiu-se um intenso tiroteiro e em poucos minutos 17 pessoas – 6 policiais e 11 camponeses – foram assassinadas num dos episódios mais brutais da história recente do Paraguai. No palácio presidencial em Assunção, Fernando Lugo imediatamente reuniu ministros e os comandantes do Exército, da Armada e da Aeronáutica. Seu chefe de gabinete, Lopez Perito, resumiu a urgência da situação: “Presidente, esse é o início do impeachment”. Uma semana depois Fernando Lugo, primeiro presidente de esquerda a chegar ao poder em um dos países mais pobres da América do Sul, foi deposto num impeachment que durou menos de 24 horas, por esmagadora maioria de 39 votos a 4 no Senado. “Eu sabia que iria terminar assim”, diria Lugo à Agência Pública, dois meses depois. “O poder, mesmo, nunca foi meu”.
O livro “O Bispo e Seus Tubarões” reconta essa tragédia que mudou o destino político do país vizinho, episódio a episódio. Escrito pela jornalista Natalia Viana, uma das diretoras da Pública, a série foi finalista do Prêmio Gabriel García Márquez, da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, no ano passado.
Atualizado, o e-book recebeu uma introdução do premiado jornalista Mauri König, que investigou Horácio Cartes, atual presidente do Paraguai. Cartes foi o maior articulador da derrubada de Lugo dentro do Partido Colorado. “O vice que tramou pelas costas assumiu seu curto mandato em 22 de junho de 2012 e, muito pronto, o Paraguai se viu com um novo presidente, eleito em abril de 2013 e empossado em agosto do mesmo ano. Decerto os paraguaios supunham ter feito bom negócio. Afinal, Horacio Cartes apresenta-se como homem bem sucedido à frente de suas empresas e do clube de futebol Libertad, 3º colocado da Libertadores em 2006. Mas vejamos com que tinta se escreveu a história daquele que viria a ocupar o lugar de Lugo no Palácio de los López”, escreve Mauri König. “Ele é o homem por trás do contrabando do cigarro, um negócio que desbanca o narcotráfico em algumas fronteiras sul-americanas e começa a redesenhar a geopolítica do crime organizado. (…) Cartes é o maior beneficiado pelo contrabando. Responde por 30% de toda a produção paraguaia. Os paraguaios fumam só 2%. O resto assegura ao país o papel de maior provedor latino-americano de cigarro pirata. Cinco das 11 marcas produzidas por Cartes responderam por 79 milhões de maços apreendidos no Brasil entre 2010 e 2013, metade de todo o cigarro ilegal confiscado no país”.
Como os demais e-books da Pública, “O Bispo e Seus Tubarões” pode ser baixado gratuitamente em diversos formatos:
– PDF
– EPUB – Compatível com a maioria dos e-readers, incluindo o Kobo, da Livraria Cultura, e os aplicativos iBooks (iPad, iPhone e Mac), da Apple, e Google Play Livros (Android).
– MOBI – Compatível com Kindle, da Amazon (e-readers e aplicativo)