Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Dilma deveria renunciar imediatamente!

Quarta-feira, 7 de outubro de 2015
Por Celso Lungaretti
O governo Dilma sofreu derrota acachapante no Tribunal de Contas da União, por irresponsabilidade fiscal.
 
Certamente sofrerá outra no Tribunal Superior Eleitoral, por financiamento ilícito da campanha presidencial de 2014.
 
A probabilidade de impedir que o processo de impeachment seja aberto na Câmara Federal é remotíssima.
 
E a economia brasileira continuará indo de mal a pior enquanto os parlamentares estiverem decidindo o impedimento ou não da presidenta. Quantos deles se manterão fiéis a um governo moribundo, arriscando-se a receberem o troco do eleitorado na eleição seguinte? Há alguma dúvida quanto ao desfecho da chanchada?
 
Se Dilma insistir em rumar contra a corrente, apenas aumentará sua quota de desastres e vexames, dando aos adversários a oportunidade de comemorarem outros triunfos marcantes até a apoteose final.
 
Deveria renunciar. Imediatamente. Pois, quanto mais tempo refugar, mais reforçará a impressão de haver sido chutada.

E a esquerda tem é de curvar-se à evidência do fato de que, depois de tantas lambanças cometidas, Dilma não tem mais salvação. Ela mesma pavimentou o caminho para seu defenestramento, principalmente ao não entrar em confronto franco com o capitalismo, mas pretender corrigi-lo com medidas heterodoxas que apenas serviram para colocar a economia em parafuso.
 
Depois, reelegendo-se quando a situação já era gravíssima, cometeu um erro pior ainda: acreditou que a volta à ortodoxia bastasse para recolocar as coisas nos eixos.
 
Mas, como já acontecera no Governo João Goulart, a guinada à direita não funcionou porque os endinheirados jamais confiariam nela plenamente e a esquerda passou a desconfiar dela por estar mancomunada com o grande capital.
 
Perdeu o apoio dos únicos que poderiam dar-lhe uma mão forte nesta hora e não ganhou nada em troca. Como eu cansei de alertar, se não demitisse o Joaquim Levy, acabaria morrendo abraçada com ele. Podem preparar dois caixões.
 
O impeachment, no entanto, não é nenhum fim do mundo. Caberá à esquerda fazer um profundo processo de autocrítica, reagrupar suas forças e travar as novas lutas que se impõem:
  • favorecer a impugnação da chapa como um todo, evitando que a transição se decida num conchavão entre PMDB, PSDB e forças subalternas; e
  • colocar-se frontalmente contra todas as iniciativas que visem equilibrar as contas públicas sangrando os trabalhadores, os pobres e os indefesos.
Pois, de um novo governo que tende a ser articulado basicamente por tucanos e fisiológicos, só podemos esperar, em essência, por mais do mesmo neoliberalismo que Joaquim Levy tentou socar-nos goela adentro, provavelmente vendido de forma mais hábil, por um economista de primeiro time, ao invés do pobre coitado que o Luiz Carlos Trabuco levou a Dilma a empossar.
 
Em suma, a luta continuará. Com a vantagem de que a esquerda reassumirá sua verdadeira identidade, livrando-se do mico de defender o mandato de uma presidente com cuja política econômica jamais poderia compactuar.