Sexta, 21 de outubro de 2016
Marcelo Brandão - da Agência Brasil
A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal estão convencidos que as varreduras de policiais legislativos nas casas de parlamentares
foram feitas para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
Essa convicção vai de encontro à declaração do presidente do Senado,
Renan Calheiros, que afirmou que as atividades da Polícia Legislativa
em varreduras de escutas ambientais “restringem-se à detecção de grampos
ilegais, conforme previsto no regulamento interno”.
A
investigação mostrou que as varreduras eletrônicas eram feitas em casas
de parlamentares que haviam acabado de serem alvo de operações de busca e
apreensão da Lava Jato. O apartamento do senador Collor, por exemplo,
foi um dos revistados logo após a ida de agentes da PF ao local. “A
intenção foi frustrar o trabalho que estava ocorrendo lá”, disse uma
fonte à reportagem.
Além disso, a Polícia Federal (PF) descobriu
que policiais legislativos foram mandados para o Maranhão para fazer uma
varredura na casa do então genro do ex-senador Edison Lobão Filho. As
provas juntadas nas investigações incluem documentos, passagens aéreas,
registro de uso dos celulares dos acusados nos lugares de varredura,
além de provas testemunhais.
Tanto o ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes, quanto o diretor-geral da PF, Leonardo Daiello,
enfatizaram que a Operação Métis, que investiga as varreduras de
policiais legislativos nas casas de parlamentares, está sendo realizada
em parceria entre as polícias Federal e Legislativa. As investigações
começaram após a denúncia de policiais legislativos que se recusaram a
fazer as varreduras por considerarem ilegais e alertaram a força-tarefa
da Lava Jato sobre o fato.
“Temos em nossa cultura que a parceria é o caminho. Não há disputa nenhuma nesse momento [entre as polícias]”, disse Daiello. Já o ministro Moraes enfatizou o combate a qualquer ação que vise obstruir a Lava Jato. “Toda tentativa de diminuir ou frustrar a operação é investigada”, falou.
“Temos em nossa cultura que a parceria é o caminho. Não há disputa nenhuma nesse momento [entre as polícias]”, disse Daiello. Já o ministro Moraes enfatizou o combate a qualquer ação que vise obstruir a Lava Jato. “Toda tentativa de diminuir ou frustrar a operação é investigada”, falou.
Atuação fora dos limites é negada
O
ministro da Justiça disse que a operação de busca e apreensão da
Polícia Federal, que prendeu na manhã de hoje (21) policiais
legislativos no Senado, não extrapolou sua competência e seguiu os
trâmites legais necessários.
“Concordo que cada uma das
instituições deve exercer estritamente suas atribuições constitucionais e
legais. Por isso a PF realizou a sua operação com base em mandado de
busca e apreensão e mandados judiciais de prisão para poder realizar o
que realizou hoje”, disse o ministro, em Brasília.
Ele destacou que a investigação é contra a obstrução das investigações da Operação Lava Jato, e não acerca da varredura de escutas nas residências de parlamentares.
“O que foi investigado é o desvio de finalidade de
quatro integrantes da polícia do Senado, que teriam utilizado as suas
atribuições com finalidade ilícita, a obstrução da Lava Jato”, reforçou o
diretor da PF, Leonardo Daiello.
Os parlamentares que tiveram
imóveis vasculhados de forma irregular pela Polícia Legislativa foram a
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o senador Fernando Collor (PTC-AL) e o
ex-senador Edison Lobão Filho. Além disso, o ex-presidente da República
e ex-senador José Sarney também solicitou a varredura. As investigações
descobriram que Sarney fez o pedido para o diretor da polícia do
Senado, Pedro Ricardo Carvalho, preso hoje. Este, por sua vez, fez uma
requisição aos seus subordinados, que cumpriram a ordem.
Operação Métis
A
Polícia Federal esteve por cerca de três horas nas dependências da
Polícia Legislativa, no subsolo do Senado, na manhã desta sexta-feira.
Foram retiradas do local 10 malas de documentos e equipamentos
eletrônicos para busca de escutas.
A denominada Operação Métis –
que na mitologia grega representa a deusa da saúde, proteção, astúcia,
prudência e virtudes - cumpriu ao todo nove mandados judiciais, sendo
cinco de busca e apreensão e quatro de prisão temporária.
Além do
diretor da polícia do Senado, foram presos os policiais legislativos
Everton Taborda, Geraldo Cesar de Deus e Antonio Tavares. Todos foram
encaminhados para a superintendência da PF em Brasília. Eles vão
responder pelos crimes de associação criminosa, corrupção privilegiada e
embaraço à investigação de infração penal. Somadas, as penas podem
chegar a 14 anos de prisão, além de multa.