Terça, 4 de outubro de 2016
Sayonara Moreno - Correspondente da Agência Brasil
Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados da
Operação Hidra de Lerna na sede estadual do PT em Salvador, nas empresas
de publicidade Propeg e na construtora OAS, também investigada na Lava
Jato. Entre os investigados da operação está o governador da Bahia, Rui
Costa (PT), suspeito de ter recebido financiamento ilegal na campanha
que disputou para o cargo em 2014. Outro investigado é o ex-ministro das
Cidades, Mário Negromonte (PP) – atual conselheiro do Tribunal de
Contas da Bahia, cuja residência também foi alvo de buscas da PF, no
bairro Itaigara.
A Operação Hidra de Lerna foi deflagrada em
Brasília, Salvador e no Rio de Janeiro. Ao todo, são 16 mandados de
busca e apreensão, deferidos pela ministra Maria Thereza Rocha de Assis
Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido ao foro
privilegiado de alguns investigados. A Polícia Federal não divulgou
quantos mandados são cumpridos em cada cidade.
O operação
investiga um grupo criminoso suspeito de prática de financiamento ilegal
de campanhas e fraudes em licitações e contratos do Ministério das
Cidades. Segundo a PF, a construtora OAS contratava empresas do ramo de
comunicação, como a Propeg, para elaborar campanhas para o ramo da
construção civil. No entanto, as empresas faziam campanhas para partidos
políticos. Outra linha de investigação apura fraudes em licitações e
contratos no Ministério das Cidades.
De acordo com a PF, o nome
da operação Hidra de Lerna é uma referência à figura da mitologia
helênica, que ao ter a cabeça cortada, ressurgiu com duas cabeças. A
investigação é fruto de três colaborações da Operação Acrônimo, e exige a
abertura de dois inquéritos, pelo STJ.
Defesa
O
advogado de Negromonte, Carlos Fauaze, confirmou a presença da polícia
na casa do ex-ministro, mas disse que não irá se manifestar sobre o
assunto até ter acesso aos autos da operação. O advogado afirmou que a
PF levou dois aparelhos de celular da casa de Negromonte, mas nenhum
documento “porque os agentes não julgaram importantes para a
investigação”.
Em nota, a Propeg, empresa de comunicação,
confirmou que as buscas foram feitas nos escritórios da empresa - em
Brasília e Salvador – e nas residências de executivos da companhia. A
empresa disse que auxilia as investigações desde junho deste ano e nega
que os fatos apurados tenham “qualquer ligação com o PT, o governo da
Bahia e com a empresa OAS”.
O diretório do PT na Bahia
informou que vai divulgar ainda hoje (4) nota a respeito do assunto. A
reportagem entrou em contato com a assessoria do governador Rui Costa,
mas as ligações não foram atentidas.
A reportagem entrou em contato com a OAS, por e-mail, e aguarda retorno.
Em
nota, o Ministério das Cidades diz que não recebeu, na manhã desta
terça-feira, nenhuma notificação sobre a operação da PF envolvendo
recursos da pasta. O ministério informa ainda que, em poder das
informações, terá condições de avaliar do que se trata e capacidade de
instaurar, imediatamente, “processos administrativos disciplinares para
investigar a denúncia”. O órgão ressalta a disponibilidade
em colaborar com todas as informações necessárias para garantir
eficiência e transparência na aplicação dos recursos citados.