Quinta, 9 de novembro de 2017
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
"...no
dia 10 de fevereiro de 1965, o governo militar cancelava a concessão da
Panair, então a maior do setor no país, abrindo o caminho para a
decretação da sua falência.
Após
encontro do ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, com o
presidente Castelo Branco, o primeiro general a comandar o país na
ditadura, o governo anunciou o cancelamento das concessões da Panair do
Brasil, autorizadas a título precário, para explorar linhas nacionais e internacionais. Alegou que a situação financeira da companhia era irrecuperável.
Seus
aviões foram recolhidos aos hangares, e a Varig passou no mesmo dia a
operar voos internacionais da empresa, enquanto as rotas nacionais
seriam assumidas pela Cruzeiro.
Sua falência foi decretada apenas cinco dias depois, em 15 de fevereiro, pelo juiz Mario Rebelo Mendonça Filho, da 6ª Vara Cívil do Rio, com base em informações do Ministério da Aeronáutica e desprezando o pedido de concordata apresentado pela diretoria.
Sua falência foi decretada apenas cinco dias depois, em 15 de fevereiro, pelo juiz Mario Rebelo Mendonça Filho, da 6ª Vara Cívil do Rio, com base em informações do Ministério da Aeronáutica e desprezando o pedido de concordata apresentado pela diretoria.
Para
críticos da operação, entre eles ex-funcionários e executivos da
empresa, a decretação da falência foi uma arbitrariedade jurídica no
regime militar, resultado de perseguição política. Alguns também a
consideram uma ação orquestrada entre militares e a Varig, que assumiu
as suas linhas para o exterior e parte dos seus ativos...
A companhia aérea foi ainda celebrada em canções, como a interpretada por Elis Regina em Conversando no Bar (Saudade dos Aviões da Panair), sucesso de Milton Nascimento e Fernando Brant...
Campeões mundiais de 1958 desembarcando no Brasil |
...a sua memória foi revivida no cinema com um documentário do diretor e produtor Marco Altberg [assista-o na janelinha abaixo], acalentado durante 11 anos com a sua mulher, Maíza Figueira de Mello. Ela é neta de Celso da Rocha Miranda, o maior acionistas da companhia quando foi fechada na ditadura e um dos seus três principais executivos, ao lado de Mario Wallace Simonsen e Paulo Sampaio.
...Para
Altberg, a perseguição à Panair ocorreu pela ligação de seus executivos
com notórios opositores da ditadura. Rocha Miranda era ligado ao
ex-presidente Juscelino Kubitschek, enquanto Simonsen mantinha ligações
com João Goulart, deposto da Presidência pelos militares em 1964. O
diretor disse que os militares achavam que os dois poderiam ser um
suporte financeiro para a volta de JK e Jango."
(trechos do artigo Governo Militar cancelou concessão da Panair e decretou
sua falência, em 1965, de Gabriel Vilela, publicado pelo jornal
O Globo, cuja íntegra pode ser acessada aqui)