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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Para reformar Previdência, Temer tenta subornar Rodrigo Maia e o ‘Centrão’

Terça, 21 de novembro de 2017

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Charge do Fred (Charge Online)

Da Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
A reportagem de Geralda Doca, Manoel Ventura e Patrícia Cagni, em O Globo desta segunda-feira, não deixa dúvida: o presidente Michel Temer partiu para subornar o deputado Rodrigo Maia e o bloco Centrão, num derradeiro esforço para tentar aprovar a reforma da Previdência Social nas próximas semanas. Ofereceu a Rodrigo Maia a indicação do novo Ministro das Cidades e ao Centrão a indicação de cargos no Executivo. Para Igor Gadelha, matéria de O Estado de São Paulo, a negociação inclui também a presidência e diretorias do BNDES.


O governo, assim, lança mão de negociações ilegítimas no esforço de atender a pressão do ministro Henrique Meirelles e também dos fundos de Previdência Complementar Privada. Lance igual aos que marcaram a rejeição pela Câmara Federal dos processos de corrupção abertos contra Temer pelo Supremo Tribunal Federal.

CORTANDO DIREITOS – A diferença é que numa etapa Temer obteve os votos para barrar seu próprio julgamento. Agora ele tenta a todo custo alcançar os votos para cortar direitos dos trabalhadores e funcionários públicos, numa investida voltada para alterar as regras do jogo no meio de seu desenrolar. Os limites de idade que pretende prolongar para mais poderiam ser aceitos para todos aqueles que chegassem após dezembro no mercado de trabalho. Porém nunca para aqueles que contribuiram a vida inteira em tempos anteriores à possível promulgação da emenda constitucional, base da reforma projetada.

São milhões de pessoas, homens e mulheres, regidos pela CLT e pelo Estatuto do Servidor Público. Aliás, por falar em funcionalismo, o próprio Michel Temer aposentou-se aos 55 anos de idade é um dos beneficiados pela Previdência.

PRIVILÉGIOS? – Geralda Doca, em matéria isolada em O Globo focaliza argumentos do governo para reforma, entre eles o bordão de que é preciso acabar com privilégios do funcionalismo público. Quais privilégios? O direito de se aposentar com vencimentos integrais decorre das contribuições de 11% sobre seus vencimentos sem limite. Enquanto isso, os regidos pela CLT descontam no máximo por mês 11% até o limite de 5.500 reais.  São situações, portanto, completamente diferentes. Além do mais, como escrevi em artigo recente neste site, os funcionários públicos não têm FGTS.

Outro enfoque absurdo do governo é tentar comparar o custo dos funcionários com o custo dos aposentados do INSS.  Ora, o INSS tem em torno de 30 milhões de aposentados e pensionistas. Os quadros do funcionalismo federal são compostos por 960 mil funcionários. Portanto as aposentadorias que vierem ocorrer no funcionalismo serão infinitamente menores que a dos celetistas que virão. Isso porque a mão de obra regida pela CLT reúne 100 milhões de pessoas. O funcionalismo federal não chega a um milhão. É fácil manipular os números para se obscurecer o debate.

CORRUPÇÃO –  Mas é impossível negar , diante das reportagens de O Globo e de O Estado de São Paulo, as sombras que tentam ocultar mais um capítulo da deslavada corrupção que invadiu e continua invadindo o Brasil.

Qual a moral que poderá ter o Palácio do Planalto em condenar e repelir a corrupção, se ele é o primeiro a recorrer seguidamente a ela? Impossível. Entretanto, mesmo subornando o presidente da Câmara e blocos parlamentares, dificilmente a reforma da Previdência, a meu ver, será aprovada.

Não faz sentido comprar toda uma consciência coletiva .