Terça, 11 de outubro de 2016
Mariana Branco – da Agência Brasil
O
senador José Medeiros (PSD-MT) exaltou-se hoje (11) e pediu a retirada
de plenário de um professor que acompanhava audiência pública na
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para debater a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) 241. Aprovada em primeiro turno pela
Câmara ontem (10), a PEC limita os gastos públicos à inflação do ano
anterior.
A confusão começou quando Medeiros se irritou durante a fala da economista Laura Carvalho, professora da Universidade de São Paulo (USP). Laura citou o jantar oferecido pelo presidente Michel Temer a parlamentares no domingo, véspera da votação da proposta na Câmara dos Deputados.
A confusão começou quando Medeiros se irritou durante a fala da economista Laura Carvalho, professora da Universidade de São Paulo (USP). Laura citou o jantar oferecido pelo presidente Michel Temer a parlamentares no domingo, véspera da votação da proposta na Câmara dos Deputados.
Medeiros entendeu que a economista estava
criticando a atitude de Temer e rebateu afirmando que a ex-presidenta
Dilma Rousseff também dava jantares. Posteriormente, Laura negou que
tenha citado o episódio com intenção de crítica ou como sendo relevante
para as discussões sobre a PEC 241.
O fato de o senador
interromper a palestrante, no entanto, provocou reação das pessoas que
acompanhavam o debate e, na sequência, Medeiros pediu que o respeitassem
por ser senador da República. Nesse momento, Francisco Santiago,
professor da Universidade Federal do Amapá, levantou-se e discutiu com o
parlamentar, afirmando que o cargo “não lhe dava o direito de gritar”.
“O
debate estava ocorrendo normalmente, e o senador interrompeu a
palestrante de forma muito pouco educada. As pessoas pediram a ele que
deixasse a palestrante falar. Inclusive a senadora Gleisi Hoffmann
[PT-PR, presidente da CAE] interveio dizendo que depois a fala seria
aberta a ele [senador]. Nesse momento, ele começou a gritar com as
pessoas do plenário, e eu me manifestei”, relatou Francisco, que também é
presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Amapá.
O
senador pediu à segurança do Senado para retirar Francisco do plenário
onde se realizava a audiência. De início, o professor pediu para ficar e
se sentou. No entanto, após um segundo pedido do parlamentar, Francisco
saiu. “Ele pediu para a segurança retirar, e eu falei que não
precisava, saí voluntariamente”, afirmou.
Procurado pela Agência Brasil,
Medeiros disse que houve tentativa de cercear seu direito à palavra. “O
pessoal da assistência vem querer cassar a minha palavra. Eu fiz o
contraponto, porque estamos em um debate técnico de uma medida
provisória e a palestrante veio falar de jantar no [Palácio da]
Alvorada. Todo presidente faz jantar no Alvorada. A presidenta Dilma fez
um monte, inclusive para cooptação de votos contra o impeachment”, declarou.
Mais
à frente no debate, uma outra fala de Medeiros foi vaiada pela
assistência, majoritariamente contrária à PEC 241, e Gleisi Hoffmann
pediu que não houvesse esse tipo de manifestação. Segundo a senadora, o
objetivo da audiência pública foi iniciar uma discussão ampla sobre a
proposta no Senado, já que, em sua opinião, não houve debate suficiente
na Câmara dos Deputados.