Quarta, 19 de outubro de 2016
André Richter - da Agência Brasil
A
força-tarefa de procuradores da Operação Lava Jato investiga se o
ex-deputado federal Eduardo Cunha usou propina para custear o casamento
de uma de suas filhas, Danielle Cunha, em 2011. As suspeitas dos
procuradores constam no pedido de prisão, deferido hoje (19) pelo juiz federal Sérgio Moro.
A
linha de investigação foi aberta após a quebra do sigilo bancário de
empresas ligadas ao ex-parlamentar, acusado de manter contas não
declaradas na Suíça para ocultar recebimento de propina em um contrato
da Petrobras no Benin, na África.
De acordo com os
investigadores, o custo do aluguel do hotel Copacabana Palace, no Rio de
Janeiro, para realização da festa foi de R$ 266 mil, mas não há
registros de saques em contas bancárias que comprovem a origem dos
recursos para o pagamento do serviço.
Segundo
os procuradores, a pedido de Danielle, a nota fiscal do aluguel foi
feita em nome da C3 Produções, empresa ligada a Cunha e suspeita de
lavar o dinheiro obtido ilicitamente por ele. Os pagamentos foram feitos
em depósito bancários em dinheiro.
“Embora a questão ainda
mereça maior aprofundamento, resta claro que o dinheiro usado para o
pagamento do casamento de Danielle Cunha era proveniente de crimes
contra a administração pública praticados pelo seu pai, o ex-deputado
federal Eduardo Cunha”. afirmam os investigadores.
A prisão foi
decretada na ação penal em que o deputado cassado é acusado de receber
R$ 5 milhões, que foram depositados em contas não declaradas na Suíça. O
valor seria oriundo de vantagens indevidas, obtidas com a compra de um
campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África. O processo foi
aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas após a cassação do
ex-deputado, a ação foi enviada para o juiz Sérgio Moro porque Cunha
perdeu o foro privilegiado.
"Decisão absurda"
Em nota, o ex-deputado Eduardo Cunha afirmou que a decretação da prisão é uma "decisão absurda" e "sem motivação".
Conforme
a nota, "a referida ação cautelar do Supremo, que pedia minha prisão
preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de
prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos
atinentes a outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição, não
sendo ele juiz competente para deliberar".