Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
É
total a minha decepção com os blogueiros chapa branca, que em todos os
assuntos se posicionam levando em conta unicamente conveniências
palacianas.
P.
ex., acompanhando de cabo a rabo todas as sessões do STF referentes ao
Caso Battisti, constatei que Ricardo Lewandowski é reacionário até a
medula e José Dias Toffoli, o exato oposto do que se espera de um membro
da mais alta corte do País.
No
entanto, o primeiro virou ídolo da rede virtual petista ao mostrar
evidente simpatia pelos réus do mensalão e o segundo por colocar na rua
empresários corruptores.
[É de um ridículo atroz supostos esquerdistas se porem, impudicamente, a defender patrões e a exultar com sua libertação, quando deveriam é estar, agora e sempre, exigindo sua prisão, pois motivos jamais faltaram!!!]
Agora, a revista veja
divulga suspeitas sobre Toffoli e os blogueiros amestrados correm a
defendê-lo, como se ademais não fosse, disparado, o pior de todos os
atuais ministros do STF.
Eis, na íntegra, algo que escrevi em agosto de 2013: minha desolada mea culpa por ter apoiado a indicação de Toffoli para o Supremo, um dos piores erros que cometi em toda a minha vida.
A lição que tirei foi a de nunca mais posicionar-me, em nenhuma questão por critérios utilitários. Esses mesmos que norteiam cada frase escrita pelos papagaios do Planalto.
AS MUITAS LIGAÇÕES PERIGOSAS DO MINISTRO TOFFOLI
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Como é a cara do deslumbramento com o poder? Assim. |
Quem acompanha meu trabalho sabe que eu tenho uma razoável taxa de acertos em posicionamentos e previsões.
Mas, evidentemente, infalível não sou. E meu maior erro, de um bom tempo
para cá, foi ter apoiado José Antonio Dias Toffoli para ministro do
Supremo Tribunal Federal.
Naquele segundo semestre de 2009, os ministros Gilmar Mendes e Cezar
Pelluso agiam de maneira gritantemente parcial em todos os trâmites
referentes a Cesare Battisti. As perspectivas para o julgamento do
pedido de extradição italiano eram as piores possíveis. Então, quando o
presidente Lula indicou para o STF um advogado inexpressivo, sem
currículo à altura e até suspeito de más práticas, cometi um erro que
costumo recriminar nos outros: posicionei-me utilitariamente. Mea maxima culpa.
Pensava com meus botões que ele jamais conseguiria ser pior do que
Mendes e Peluzo, a aliança do reacionário por conveniência com o
reacionário por carolice.
Só que Mendes contra-atacou, dando entrevistas em que pôs em xeque a
qualificação de Toffoli. Foi o bastante para boa parte da grande
imprensa, que obedecia à sua batuta, fazer coro indignado. Até em
editoriais.
Atenção: Toffoli é o papagaio de pirata, não o beijoqueiro |
Aí Toffoli e Mendes conversaram a sós... e o segundo mudou diametralmente de posição. Passou a endossar o novo colega; e o PIG, obediente, se calou.
Não foi surpresa nenhuma para nós quando Toffoli já empossado, se
declarou impedido para julgar o Caso Battisti. Sabíamos que alguma
contrapartida haveria. E até adivinhávamos qual seria. Esta mesma.
Agora, O Estado de S. Paulo revela que Toffoli NÃO se
declarou impedido para relatar processos que envolvem o Banco Mercantil
do Brasil, instituição para a qual deve até as calças. E que as
prestações dos seus dois empréstimos (totalizando R$ 1,4 milhão) foram,
magnanimamente, reduzidas de 1,35% para 1%. Como diria um humorista, isto é que é bondade da boa...
Toffoli também NÃO se
declarou impedido para atuar nos processos do advogado Roberto Podval,
aquele criminalista que o convidou para assistir a um casório na ilha
italiana de Capri, com as (nababescas) despesas de hospedagem todas
pagas.
NEM para relatar no STF uma ação envolvendo um adversário político do seu irmão José Ticiano Dias Toffoli.
Vamos ver se o STF, que tanto critica o corporativismo no Congresso
Nacional, será agora capaz de cortar a própria carne. Caso contrário,
concluiremos que toda aquela retórica empolada não passava de conversa
pra boi dormir.