Domingo, 12 de novembro de 2017
Criação de gado na região Norte — Imagem: EBC
Recomendações visam combater a
aplicação inadequada e desnecessária de medicamentos por produtores e
pela indústria alimentar, que rotineiramente utilizam certos remédios para
promover o crescimento e prevenir doenças em animais saudáveis.
Do site Saúde Popular
Por Redação, ONU Brasil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta semana (7) novas
diretrizes sobre o uso de antibióticos na agropecuária. Recomendações
visam combater a aplicação inadequada e desnecessária de medicamentos
por produtores e pela indústria alimentar, que rotineiramente utilizam
certos remédios promover o crescimento e prevenir doenças em animais
saudáveis. A prática pode aumentar a resistência antimicrobiana a alguns
tipos de tratamento.
Em alguns países, cerca de 80% do consumo total de antibióticos
medicamente importantes está no setor animal, em grande parte para a
estimulação do crescimento em animais que não estão doentes.
Segundo a OMS, o uso excessivo e indevido de antibióticos em animais e
seres humanos tem agravado o problema da imunidade de certos agentes
infecciosos a determinados tratamentos. Alguns tipos de bactérias que
causam infecções graves em humanos já desenvolveram resistência à
maioria ou a todos os remédios disponíveis — e há poucas opções
promissoras de pesquisa em etapa de desenvolvimento para uso clínico.
Uma revisão sistemática publicada nesta semana (7) na revista The
Lancet Planetary Health descobriu que as intervenções restringindo o uso
de antibióticos em animais produtores de alimentos reduziram as
bactérias resistentes a antibióticos em até 39%.
“A falta de antibióticos eficazes é uma ameaça de segurança tão séria
como um surto de uma doença súbita e mortal”, afirmou o diretor-geral
da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Uma ação forte e sustentada em
todos os setores é vital se quisermos reverter a maré da resistência
antimicrobiana e manter o mundo seguro.”
O organismo internacional recomenda uma redução no uso de todas as
classes de antibióticos de importância médica em animais produtores de
alimentos, incluindo a restrição completa dessas drogas para a promoção
do crescimento e a prevenção de doenças sem diagnóstico. Seres vivos
saudáveis só devem receber antibióticos para prevenir doenças se elas
tiverem sido diagnosticadas em outros animais no mesmo rebanho ou
população de peixes.
Ainda segundo a OMS, quando possível, animais doentes devem ser
testados para determinar o antibiótico mais eficaz e prudente para
tratar sua infecção específica. Os antibióticos utilizados em animais
devem ser selecionados entre os que a OMS classificou como “menos
importantes” para a saúde humana e não entre os classificados como “a
mais alta prioridade de importância crítica”.
“A evidência científica demonstra que o uso excessivo de antibióticos
em animais pode contribuir para o aparecimento de resistência a esses
medicamentos”, explicou Kazuaki Miyagishima, diretor do Departamento de
Segurança Alimentar e Zoonoses da OMS. “O volume de antibióticos
utilizado em animais continua a aumentar em todo o mundo, impulsionado
por uma crescente demanda por alimentos de origem animal, muitas vezes
produzidos por meio de sua criação intensiva.”
Alguns países já contam com políticas para mudar o atual cenário.
Desde 2006, por exemplo, a União Europeia proibiu o consumo de
antibióticos para estimular o crescimento dos animais. Os consumidores
também estão impulsionando a demanda por carne sem o uso rotineiro de
medicamentos, com algumas grandes cadeias produtivas adotando políticas
“sem antibióticos” para a compra de desses alimentos.
Entre as opções seguras para prevenir doenças em animais, estão a
melhora na higiene, a otimização do uso de vacinas e mudanças na
habitação e nas práticas de criação.
Acesse as novas diretrizes da OMS clicando aqui.