Quarta, 4 de novembro de 2015
Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil
Os 46 anos do assassinato do guerrilheiro Carlos
Marighella foram lembrados em um ato hoje (4) na Alameda Casa Branca, no
Jardim América, zona oeste paulistana. Antigos militantes e ativistas de
movimentos sociais se reuniram ao redor do monumento que marca que naquele
local foi morto um dos líderes da resistência contra da ditadura. A companheira
do guerrilheiro, Clara Charf, se emocionou durante a cerimônia. “Imaginar que
em um dia feio como hoje, chuvoso, pessoas de diferentes idades viriam aqui
falar dos ideais de Marighella”, disse.
Uma das grandes lutas do antigo líder era, segundo Clara,
a defesa da liberdade de expressão e a busca do empoderamento dos que não
tinham voz. “Marighella lutou pela liberdade em todos os sentidos. Sempre
batalhou para que as pessoas se expressassem”, afirmou. Ela lembrou que que o
guerrilheiro chegou a fundar uma universidade popular quando esteve preso em
Fernando de Noronha (PE).
O advogado Aton Fon Filho, militante da Aliança Nacional
Libertadora (ALN), organização de resistência à ditadura comandada por
Marighella, falou sobre o companheiro. “Era um homem que, além de se preocupar
com a análise científica da realidade e da prática transformadora, tinha uma
preocupação muito grande com as pessoas. Não digo apenas o coletivo, o social.
Ele via também o indivíduo, as dores, o sofrimento, as alegrias e a felicidade
de cada um”, contou sobre o guerrilheiro, que além de pegar em armas, fazia
poesias e canções..
Além dos antigos companheiros de luta, estiveram presentes
militantes jovens de movimentos sociais, como Olívia Carolino, que representou
a Consulta Popular. “A gente sente uma responsabilidade muito grande de assumir
esse legado e estar lado a lado desses companheiros, na luta”, ressaltou a
ativista, que vê no líder uma figura inspiradora. “O Marighella está na alegria
de lutar, de se assumir como socialista, está no compromisso com a revolução
brasileira, no amor pelo povo e na luta pela liberdade”.
O baiano Carlos Marighella iniciou a militância aos 18
anos, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro. Preso em 1936, durante
a ditadura de Getúlio Vargas, foi eleito deputado federal constituinte em 1946
e, no ano seguinte, teve o mandato cassado. Quase 20 anos depois, foi preso
pela Delegacia de Ordem Política e Social (Dops). Em 1968, fundou a Ação
Libertadora Nacional (ALN), grupo armado de resistência à ditadura. No dia 4 de
novembro de 1969 foi emboscado e assassinado pelo delegado Sérgio Paranhos
Fleury.
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