Segunda, 6 de outubro de 2014
Da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina e Fábio Massalli
Com 99,99% das urnas apuradas, um percentual que representa
142.820.810 eleitores, as eleições de 2014 tiveram 90,36% de votos
válidos. Os números foram computados até as 1h30 desta segunda-feira
(6). Brancos e nulos somaram 9,64% dos votos totais, e os eleitores que
não compareceram às urnas somaram 27.698.199, o que significa 19,39% do
total.
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Os percentuais relativos aos votos que não entram nas
contas dos votos válidos aumentaram nas três modalidades. No primeiro
turno das eleições presidenciais de 2010, quando o país tinha 135
milhões de eleitores, 18,12% deles não votaram. Em 2002, a abstenção
atingiu 17,74% e em 2006, 16,75%.
A percentagem de votos em
branco, neste ano, também cresceu. Em 2010, eles foram 3,13% do total;
em 2006, 2,73%; e em 2002, 3,03%. Neste ano, os votos em branco
representam 3,84%. Já os votos nulos, que vinham caindo nas três
eleições anteriores, tendo registrado 7,35% em 2002; 5,68% em 2006; e
5,51% em 2010, tiveram um ligeiro aumento neste ano, atingindo 5,8%. Com
isso, abstenções, brancos e nulos somam 29%.
Considerado o
típico voto de protesto, o voto nulo tem o mesmo efeito do voto em
branco por não entrar nas contas na hora de bater o martelo sobre quem
está eleito. Embora não se possa dizer se esses percentuais crescentes
revelam desinteresse por parte da população em relação à política, já
que o voto é obrigatório, uma pesquisa do Instituto Data Popular, feita
antes das eleições, mostrou que há um alto grau de desconfiança, por
parte do eleitorado brasileiro, em relação à classe política.
Foram
entrevistadas 15.652 pessoas, em 159 municípios, e 73% delas disseram
não confiar nos candidatos que postulam um cargo eletivo neste ano.
Segundo o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles,
registrou-se que o brasileiro não confia até mesmo nos candidatos que
escolhe e os deputados estaduais lideram o ranking. “Se a gente
olhar a escala, os [candidatos] em quem os eleitores menos confiam são
os deputados estaduais [82%]”, disse Meirelles. Em seguida, aparecem os
candidatos a deputado federal, com 75% de desconfiança; os postulantes
ao Senado, 65%; os que concorrem ao cargo de governador, com 40%; e os
candidatos à Presidência da República, com 30% de desconfiança.
Meirelles
disse que os entrevistados foram convidados a responder se concordavam
ou não com frases apresentadas pelos pesquisadores. Entre eles, 65%
disseram, por exemplo, concordar com a seguinte frase: “Os políticos são
todos iguais”. Segundo o presidente do Data Popular, parte das
respostas evidencia uma desconfiança em relação à classe política e
“parte é um desconhecimento real da proposta do candidato”. Para a
maioria dos eleitores, o voto é dado ao candidato que parece ser “o
menos pior”.
O entendimento geral decorrente da pesquisa, indicou
Meirelles, é que "a classe política está afastada da realidade
cotidiana das pessoas”.
*Colaborou Alana Gandra