Segunda, 20 de outubro de 2014
Karine Melo - Repórter da Agência Brasil
Os mecanismos de controle governamental do país,
responsáveis por identificar irregularidades e desvios, estão muito
melhores atualmente que no passado, mas a população ainda é pouco
engajada nessas questões. “Eu diria que a população está desacreditada
[do combate à corrupção]. Os jovens não se empenham suficientemente”,
disse à Agência Brasil o diretor do Instituto Auditores Internos do Brasil, Paulo Gomes.
Segundo
o auditor, as manifestações de junho de 2013, que levaram milhares de
pessoas às ruas de diversas cidades brasileiras, foram movimentos
pontuais e pouco numerosos em relação ao tamanho do país. De outro lado,
Gomes ressaltou o papel da imprensa para pressionar por resultados nas
investigações de corrupção. Ele também destacou que a reputação de uma
empresa ou um órgão é muito importante e um escândalo financeiro pode
resultar em perda de credibilidade.
Os
temas estão sendo discutidos, a partir de hoje (19) até quarta-feira
(22), por mais de 500 auditores de instituições públicas e privadas
reunidos no 35º Congresso Brasileiro de Auditoria Interna (Conbrai), em
Goiânia. O objetivo do encontro é discutir desafios e trocar
experiências quanto a novas perspectivas no controle interno
governamental do país.
Para o auditor, há uma evolução do
processo de melhoria no controle e no combate a corrupção no Brasil,
que, segundo ele, já foi pior. “Nos últimos anos, já houve o impeachment
de um presidente da República e a cassação de governadores. Você vê,
periodicamente, parlamentares sendo cassados e também situações de
julgamento de processos na Justiça que antes não avançavam”, argumentou.
Apesar
disso, ele observa que a Justiça ainda precisa dar resposta mais rápida
a julgamentos desse tipo, para que a população não fique com a sensação
de que há impunidade. “Para mim, a execução da apuração de corrupção
avançou bastante, mas a questão do julgamento precisa avançar mais”,
afirmou, lembrando que, em alguns casos, os processos até prescrevem
pela demora.
Para o especialista, são muitos os fatores que
contribuem para a descoberta de casos. “Hoje, é possível obter
informações significavas na internet. O próprio governo vem incentivando
o Portal da Transparência, onde ações de gastos públicos são colocadas ,
como, por exemplo, viagens a serviço no Brasil e no exterior e as
compras de obras e serviços”
Paulo Gomes coloca como um dos
maiores desafios a prevenção da fraude. “Combater a fraude depois que
ela ocorre é complicado. O fraudador sempre está à frente, mas a partir
do momento em que você cria mecanismos para controlar as informações
principalmente financeiras você vai inibir a ação do fraudador, que
geralmente acha que nunca vai ser descoberto. As vezes o estrago
financeiro não é tão grande quanto o da imagem da instituição”, lembrou
ao