Quarta, 8 de outubro de 2014
Karine Melo
- Repórter da Agência Brasil
Em depoimento prestado nesta quarta-feira (8) à Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de
irregularidades na Petrobras, a contadora Meire Poza disse que sua empresa
emitiu R$ 7 milhões em notas frias para as empresas do doleiro Alberto Youssef,
para quem trabalhava.
---------------
Leia também: Ex-diretor da Petrobras, Youssef e oito réus depõem em inquérito da Lava Jato
---------------
---------------
Leia também: Ex-diretor da Petrobras, Youssef e oito réus depõem em inquérito da Lava Jato
---------------
“Emiti R$ 7 milhões em notas frias. Tenho uma empresa de
contabilidade e a exceção foram essas notas”, disse Poza. Disse também que deu
dinheiro para Enivaldo Quadrado pagar a multa imposta pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) ao condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), reagiu.
“Estamos aqui com uma fornecedora de nota fiscal fria. Ela admitiu o que é, uma
ré confessa". Ele informou que o PMDB vai pedir a quebra dos sigilos
fiscal e bancário da contadora.
Em outro momento, Meire Poza admitiu que recebia 7% de
comissão sobre as notas frias e que a porcentagem era dividida em partes iguais
com Enivaldo Quadrado. Ele foi condenado por lavagem de dinheiro no
julgamento do mensalão, e teve de pagar multa de R$ 28,6 mil.
A ex-contadora de Alberto Youssef negou ter informações
sobre operações entre ele e funcionários da Petrobras. "Eu trabalhei com o
senhor Alberto Youssef. Vi algumas operações feitas no escritório, mas não
tenho informações diretas das Petrobras", ressaltou.
Ela garantiu que nunca entregou dinheiro na mão de políticos,
mas fez pagamentos para parentes de alguns, como do deputado Luiz Argôlo
(SD-BA). O deputado André Vargas (sem partido-PR) e o também deputado e
ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP) se beneficiaram do esquema de
lavagem de dinheiro. Os dois respondem a processo no Conselho de Ética da
Câmara.
“Fiz pagamento para o deputado André Vargas para uma
viagem ao Nordeste”, disse. A contadora enviou dinheiro para outras pessoas que
ela não conhece, e não sabe que grau de parentesco têm com os parlamentares, e
que a lista com os nomes está com a Polícia Federal.
Aos parlamentares da CPMI, Poza negou ter conhecimento de
que Alberto Youssef operasse um esquema de lavagem de dinheiro com prefeituras
do PT. “Uma das coisas que eu deixei claro foi que eu não disse que o Beto
[Alberto Youssef] tinha essa ascendência em prefeituras do PT”. Para ela, nesse
caso, talvez estejam dando a Youssef um poder um pouco maior do que o que ele
tem.