Quinta, 2 de outubro de 2017
Lidia Neves – Repórter da Agência Brasil
Depois
de uma década de progresso lento, mas contínuo, em direção à igualdade
de gênero, pela primeira vez o Fórum Econômico Mundial constatou aumento
das disparidades entre homens e mulheres no planeta. A informação
consta do Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2017,
divulgado hoje (2) pela organização. Por causa da queda da participação
feminina na política, o Brasil caiu 11 posições em apenas um ano.
O
estudo indica que 68% da desigualdade de gênero no planeta foi
combatida, contra 68,3% em 2016 e 68,1% em 2015. Todos os quatro pilares
do relatório apresentaram piora na comparação entre homens e mulheres:
acesso à educação, saúde e sobrevivência, oportunidade econômica e
empoderamento político. Até o ano passado, os dois últimos itens vinham
apresentando evoluções.
Pelo cálculo atual, seriam necessários
100 anos para acabar com a desigualdade de gênero em todo o mundo. No
ano passado, a previsão era 83 anos. A pior situação é a do mercado de
trabalho, em que a organização estima que são necessários 217 anos para
acabar com a desigualdade, mesmo com mais da metade dos 144 países
pesquisados tendo melhorado no ítem nos últimos 12 meses.
“Estamos
passando da era do capitalismo para a era do talentismo. A
competitividade em níveis nacional e de negócios será decidida, mais do
que nunca, pela capacidade de inovação de um país ou uma empresa. Quem
entende a integração das mulheres como uma importante força dentro do
seu grupo de talentos terá mais sucesso”, afirmou o presidente-executivo
do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, segundo a nota da
instituição.
O relatório indica que, se a lacuna de gênero na
área econômica em todo o mundo fosse reduzida a 25% até 2025, haveria um
acréscimo de US$ 5,3 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB, soma dos
bens e serviços produzidos) global.
Brasil cai 11 posições em um ano
A pesquisa aponta queda de 11 posições do Brasil no ranking
de países em comparação com o ano passado, ficando em 90º. Em relação à
primeira edição da pesquisa, em 2006, a queda foi de 23 posições.
O
retrocesso do Brasil o colocou em sua pior situação desde 2011. A baixa
participação política das mulheres é o principal elemento que motivou a
queda, apesar de modestos avanços do país no quesito de participação
econômica.
Apesar da piora na classificação, o relatório destaca que o Brasil resolveu suas diferenças de gênero na área de educação.
O
país mais bem colocado no índice geral foi a Islândia, que resolveu 88%
da desigualdade de gênero e permanece no topo da lista há nove anos. Em
seguida vêm Noruega, Finlândia, Ruanda e Suécia. O país mais bem
classificado da América Latina é a Nicarágua, em sexto lugar, seguida
pela Bolívia, em 17º.
“Em 2017, não deveríamos estar vendo um
progresso em direção à paridade de gênero ser revertido. Igualdade de
gênero é tanto moral quanto um imperativo econômico. Alguns países
entenderam isso e estão vendo os dividendos das medidas proativas que
tomaram para tratar suas disparidades de gênero”, informou a chefe de
Educação, Gênero e Trabalho do Fórum Econômico Mundial, Saadia Zahidi,
no comunicado da organização.