Terça, 7 de novembro de 2017
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que há
sinais preocupantes de ofensa a direitos humanos no Brasil, que
interessam a todos no país, tanto no presente, como em relação ao
futuro, no caso da morte precoce de jovens. Na sua visão, os brasileiros
têm convivido com uma realidade de violação de direitos humanos,
incompatível com a sua índole pacífica. A procuradora-geral fez as
avaliações hoje (6) à noite, quando foi homenageada com o Troféu
Hors-Concours do Prêmio Juíza Patrícia Acioli, da Amaerj (Associação dos
Magistrados do Estado do Rio de Janeiro), no Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro.
“A educação pública sem qualidade diminui a
oportunidade de acesso a trabalho e à compreensão da própria dignidade
da pessoa humana. Serviços de saúde precários abreviam vidas criativas,
afetuosas e que ainda contribuiriam para o bem das pessoas. A falta de
liberdades de religião, de reunião e de associação e de uma vida segura
na cidade e no campo tem tolhido o sentido de comunidade e de
pluralidade que tanto orgulhavam os brasileiros”, afirmou Raquel Dodge,
durante discurso na cerimônia de entrega do prêmio.
A
procuradora-geral destacou que deve ser saudado o aumento da
intolerância com a corrupção e com a ineficiência na gestão pública no
Brasil. “Saúdo esta intolerância como uma novidade muito importante na
vida pública brasileira. As pessoas estão cada vez mais atentas ao que
acontece com o patrimônio público. As pessoas têm consciência de que o
patrimônio público é formado com dinheiro de impostos, e têm consciência
hoje de que há uma relação direta entre o bom uso do dinheiro público e
os serviços que são prestados pelo estado pela população. Cada vez que o
dinheiro público é desviado, significa que há precariedade no serviço
público prestado. As pessoas estão compreendendo cada vez melhor e isso
deve ser saudado com alegria. Afinal, zelar pelo patrimônio público não é
só um trabalho do Ministério Público e da Justiça. É um trabalho de
cada um de nós cidadãos”, concluiu, em entrevista, após a cerimônia.
A
procuradora-geral disse que a sexta edição do Prêmio Patrícia Acioli
reconheceu, entre outros trabalhos, o empenho de pessoas que estão
lutando pela reabilitação de jovens, tratamento para mulheres e seus
filhos em prisões e, ainda, deram vozes a minorias. “Tenho certeza de
que futuras edições continuarão honrando o trabalho dessa corajosa juíza
que foi Patricia Acioli. É uma memória que temos que reverenciar”,
completou.
O Prêmio Patrícia Acioli é destinado a iniciativas que
contribuem para a sociedade e nesta sexta edição houve trabalhos
finalistas de dez estados do país, em quatro categorias relacionadas ao
tema Direitos Humanos e Cidadania: Reportagens Jornalísticas, Trabalhos
dos Magistrados, Práticas Humanísticas e Trabalhos Acadêmicos. A
premiação foi criada em 2012 e recebeu o nome em memória da juíza
Patrícia Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo (RJ), morta no ano
anterior, em Niterói, por policiais militares. A juíza havia condenado
60 PMs ligados a milícias e grupos de extermínio.
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Memória: